Em um mês, foram contabilizados 2.009 feridos nos hospitais e 22 mortos confirmados pelo próprio governo

Os deputados Miguel Urban e Idoia Villanueva, membros da coalizão espanhola Unidas Podemos, visitaram o Chile em representação do grupo de partidos socialistas e comunistas do Parlamento Europeu, e concluíram que a repressão executada pelas forças de segurança às manifestações e protestos no país apresentam total semelhança à exercida durante os últimos anos da ditadura de Pinochet.

“Hoje temos denunciado na reunião da esquerda europeia as graves violações de direitos humanos que tem cometido o Governo de Piñera no Chile”, afirmaram em informe dirigido à Alta Representante da União Européia para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, Federica Mogherini.

Os deputados solicitaram a Mogherini que exija às autoridades chilenas o fim da repressão e peça informações e explicações sobre a atuação dos corpos de policiais durante as manifestações contra o presidente Sebastián Piñera.

No documento, Urbán e Villanueva pediram à Alta Representante expressar a solidariedade da União Européia ao povo chileno que não comete nenhum delito e sim exige seus direitos e uma sociedade mais justa através de uma série de reformas sociais, econômicas e políticas.

Também instaram à UE fazer valer a cláusula de democracia do Acordo de Associação Econômica (AAE), que contempla a suspensão do pacto se em um dos países os direitos humanos não são respeitados.

Segundo Idoia Villanueva, é importante assinalar que o Chile “é um exemplo a mais dentro de uma tendência global de criminalização dos protestos e perseguição de defensores dos Direitos Humanos”, uma questão que “está sendo silenciada”.

Para Urbán, esse silencio se deve a que o “Chile tem sido o aluno mais qualificado das políticas liberais” e a Europa não quer reconhecer o “esgotamento do neoliberalismo”.  Um “modelo insustentável que gera desigualdade”, nas palavras do eurodeputado.

“A União Européia não pode olhar para o outro lado”, assinalou Urbán, que lamentou que muitos dos grupos parlamentares da Europa “se recusem a condenar a repressão no Chile”.

O Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) divulgou que, em um mês, foram contabilizados 2.009 feridos nos hospitais e 22 mortos confirmados pelo próprio governo.