O presidente Jair Bolsonaro abriu seu gabinete, em Brasília, para receber uma das principais lideranças mundiais da extrema-direita. Na semana passada, ele se reuniu com a deputada alemã Beatrix von Storch, vice-presidenete do partido neonazista AfD, que também é neta do ex-ministro nazista Johann Ludwig Schwerin von Krosigk, que chefiou por 12 anos o Ministério das Finanças do governo Adolf Hitler.

Aparentemente, Bolsonaro tentou esconder o encontro – que não foi divulgado em suas redes sociais, nem teve registro na agenda oficial da Presidência da República.

Porém, na segunda-feira (26) Von Storch divulgou nas redes uma foto da reunião, na qual também aparece seu marido, Sven von Storch. Na legenda da imagem, a parlamentar fala em “fortalecer suas conexões com o Brasil”, além de “defender nossos valores cristãos e conservadores em nível internacional”.

Houve reação imediata à reunião do chefe do Executivo com a líder do AfD, legenda conhecida por defender ideias neonazistas, racistas e xenófobas.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou descabido o encontro. “O presidente do Brasil se reuniu com a líder da extrema-direita alemã, neta de ex-ministro de Hitler. Seria bom Bolsonaro saber que se o odiento regime nazista tivesse sido vitorioso, todos os brasileiros seríamos escravos da ‘raça pura’, inclusive ele”, comentou em mensagem nas suas redes sociais.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), é inaceitável que o presidente tenha recebido a representante de um partido neonazista, que saiu do encontro dizendo que veio ao Brasil para “fortalecer relações”.

“Logo o presidente que teve executivos que copiaram discurso de Goebbels e fizeram gesto supremacista… mas que perseguiu com a LSN quem o chamou de genocida”, escreveu no Twitter.

Em janeiro de 2020, o então secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Rodrigo Alvim, publicou vídeo no qual copiava trechos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha nazista. Em junho passado, o assessor da presidência para assuntos internacionais Filipe Martins se tornou réu na Justiça Federal por ter feito um gesto racista durante audiência no Senado.

O AfD é visto na Alemanha como uma ameaça à paz e à democracia. Em março passado, tornou-se o primeiro partido, desde o fim da Segunda Guerra, a ter suas atividades monitoradas pelo serviço de inteligência alemã por suspeitas de atentar contra a Constituição. Seus líderes adotam um discurso de ódio que motiva ataques a estrangeiros e vivem dando declarações simpáticas ao nazismo.

Da redação
(PL)