Deputados cobram explicação sobre desvio de R$ 7,5 milhões a programa
Deputados do PCdoB reagiram nesta quinta-feira (1) à informação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo de que o governo desviou a finalidade de R$ 7,5 milhões doados em março pela Marfrig, um dos maiores frigoríficos do país, para a compra de testes rápidos de Covid-19. Em vez de financiar a aquisição dos testes, o recurso foi repassado ao programa Pátria Voluntária, liderado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Em sua conta no Twitter, a líder da legenda na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), anunciou que pedirá apuração da denúncia.
“Vamos pedir apuração imediata da denúncia de que R$ 7,5 milhões doados pelo frigorífico Marfrig para o Ministério da Saúde comprar testes rápidos de Covid-19 para a população foram desviados para o programa Pátria Voluntária”, declarou.
De acordo com a reportagem, a doação milionária foi feita em março, ainda no início da pandemia. No entanto, em julho, já em posse do dinheiro, o governo consultou a empresa para saber se era possível utilizar o dinheiro em outras ações de combate à pandemia.
Com a anuência da empresa, o montante acabou no projeto Arrecadação Solidária, vinculado ao Pátria Voluntária de Michelle. Segundo a Casa Civil, o dinheiro foi utilizado na compra de cestas básicas à população mais afetada pela pandemia.
Para o vice-líder do PCdoB deputado Márcio Jerry (MA) faz tempo que Bolsonaro “ultrapassou os limites da decência mínima”. “Era pra fazer teste de Covid-19, mas Bolsonaro entregou para a mulher fazer não se sabe ao certo o quê. Cúmulo da mamata em tempos de pandemia. Faz tempo que Bolsonaro ultrapassou os limites da decência mínima. O nome disso é crime! Mas pode chamar também de mamata doméstica, de irresponsabilidade total com a saúde da população, de depravação administrativa”, afirmou o parlamentar.
A deputada Jandira Feghali (RJ) também classificou o governo de “criminoso” ao se referir à reportagem. Assim como a deputada Alice Portugal (BA), que chamou o governo Bolsonaro de “genocida e corrupto” pelo desvio das verbas.
O deputado Orlando Silva (SP) também usou suas redes sociais para questionar o governo. “Não bastaram os R$ 89 mil do Queiroz? Presidente Jair Bolsonaro, por que o senhor desviou a finalidade de R$ 7,5 milhões doados para a compra de testes de Covid-19 e repassou o dinheiro para o projeto de sua esposa Michelle no auge da pandemia?”
A matéria da Folha ainda cita que parte do valor, aproximadamente R$ 230 mil, foi para a AMTB, uma ONG ligada à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. A ONG é cadastrada em um endereço onde, segundo a reportagem, funcionaria um restaurante.
Por Christiane Peres, com informações da Folha de S.Paulo
—
(PL)