Roberto Alvim, o secretário especial de Cultura nomeado por Bolsonaro.

As deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ) entraram com uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, por afrontar a Constituição e a cultura brasileira.
A representação pede que Roberto Alvim seja exonerado do cargo.
“Não dá pra aceitar alguém que desrespeita e ofende a cultura, ferindo princípios constitucionais, neste posto. Fora, Alvim!”, reivindica a deputada Jandira Feghali.
“A exoneração do Roberto Alvim é decisiva para que a cultura brasileira possa ter um alívio. Isso porque ele agride a cultura brasileira todos os dias, agride os profissionais da cultura todos os dias, como agrediu a atriz Fernanda Montenegro, ele viola a laicidade do estado”, continua.
No documento enviado à PGR, as deputadas afirmam que em diversas ocasiões “Alvim fez promessas que contrariam os preceitos constitucionais, mais precisamente os atinentes à liberdade de expressão cultural”.
Foi o caso quando disse que trabalharia “pela preservação dos princípios, valores e conquistas da civilização judaico-cristã, contra o satânico progressismo cultural”.
O secretário disse também que “o teatro Glauce Rocha, no centro do Rio de Janeiro, será transformado no ‘primeiro teatro do país dedicado ao público cristão’”.
Depois da atriz Fenanda Montenegro, de 89 anos, posar para a capa de revista como uma bruxa prestes a ser queimada, em referência à caça às bruxas da Idade Média, Alvim chamou-a de “sórdida” e “mentirosa” e pregou uma “renovação” completa da classe teatral.
Enquanto ainda era diretor da Funarte, Roberto Alvim disse que os artistas “espiritualmente comprometidos com o nosso presidente e seus ideais e plenamente dispostos a dar suas vidas pela edificação do Brasil” deveriam se organizar em um “grande exército”.
Para as deputadas, “a conduta supramencionada apresenta notória afronta aos princípios Constitucionais, uma vez que fomenta e permeia uma atuação Pública fundada em censura e perseguição à livre expressão e à cultura, adentrando, assim, a um juízo de pessoalidade e se afastando do princípio da moralidade, ambos intrínsecos à Administração Pública e seus representantes”.