Parlamentares do PCdoB consideram como agressão às vítimas da ditadura e provocação do presidente Bolsonaro receber nesta segunda-feira (4), em seu gabinete, no Palácio do Planalto, o tenente-coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, um dos chefes da repressão à Guerrilha do Araguaia, nos anos 70, durante a ditadura militar.

A visita aconteceu quando diversos setores da sociedade defendem a democracia e o Estado de direito no país e na sequência da presença do presidente em manifestações antidemocráticas que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, que acabou, inclusive, com ataques e violência física contra a imprensa.

A coluna do jornalista Rubens Valente no UOL revelou que o encontro aconteceu pela manhã e só foi constar da agenda do presidente às 21h22.

A líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC), afirmou ser importante chamar a atenção para as “provocações” do presidente Bolsonaro.

“Logo o dia de hoje, quando o Ministério da Defesa lança uma nota chamando a atenção para a importância do processo democrático no país, chamando a atenção para a Constituição, a mesma Constituição que abomina a tortura, o presidente da República escolhe para receber um torturador, numa provocação à nota do Ministério da Defesa, numa provocação à Constituição, numa provocação ao processo democrático do país”, discursou.

“Em vez de receber torturador”, a líder diz que o presidente deveria chamar os governadores, prefeitos e médicos para discutir como diminuir as mortes e o número de infectados no Brasil pelo novo coronavírus.

“Não, ele chamou um torturador (…) O presidente Bolsonaro é um provocador e descumpridor da Constituição brasileira”, criticou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) considerou mais uma agressão do presidente as vítimas da ditadura militar.

“Ao receber o Major Curió, um odioso símbolo da tortura e de assassinatos na Ditadura, Bolsonaro mais uma vez agride famílias de mortos e desaparecidos políticos, além de nossa democracia. Enquanto riem no Planalto, a pandemia ceifa mais vidas aqui fora. O povo está esquecido”, protestou a deputada.