As demissões no setor de bares e restaurantes já atingiram metade dos trabalhadores formais, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci.
Segundo Solmucci, passados dois meses de suspensão de contratos de trabalho de trabalhadores, prevista na MP 936, empresas tiveram que começar a demitir. Ele relatou que, com a MP, o setor conseguiu manter os empregos, ainda que com muitas dificuldades para conseguir linhas de créditos para a manutenção das empresas. “80% das empresas do setor tentou obter o benefício de acesso ao crédito, e desses, 80% não conseguiram”, declarou Solmucci ao HP.
“No início do isolamento tivemos problemas com a efetivação do benefício emergencial [programa que prevê a complementação salarial dos trabalhadores afastados ou com redução de jornada]. O sistema não funcionava muito bem, mas até o final de maio, os pagamentos foram concluídos. Ocorre que não esperávamos que a quarentena durasse tanto. Acreditávamos que durasse no máximo 2 meses”, disse.
“Agora em junho vai haver um número muito significativo de demissões. Antes da pandemia o setor gerava 6 milhões empregos, sendo 50% formais. Desses, um terço, ou 1 milhão, já foram eliminados até o final de março. No emprego informal não teve ainda tanta queda por que boa parte é familiar. Houve sim queda de renda, mas o emprego cai mais lentamente”, explica.
“Estamos então aguardando a possibilidade de prorrogação do programa. O projeto já foi aprovado na Câmara e agora está no Senado”. Mesmo com a prorrogação, de acordo com Solmucci, será muito difícil reverter o quadro de fechamento de estabelecimentos e de demissões. “Temos certeza que 1 em cada 5 empresas não reabrem”, destacou.
Para Solmucci, no estado de São Paulo, a situação é complicada. “Fora da capital, os locais ainda não estavam muito afetados no início, e tiveram que fechar. Agora, três meses fechados estão em situação dramática”.
“É fundamental que as regras fossem definidas com clareza e mais rapidez e em acordo entre os governos. É importante que o poder público se alinhe para que possamos trabalhar a retomada da melhor maneira possível”, afirmou.