Delegado da PF que investigou Renan Bolsonaro é removido do cargo
O delegado da Polícia Federal (PF) Hugo de Barros Correa, ex-superintendente da PF no Distrito Federal, foi rebaixado de cargo após investigação que envolve Jair Renan Bolsonaro, filho “04” do presidente Jair Bolsonaro (PL). É assim que funciona o governo Bolsonaro. Ninguém pode investigar nada da roubalheira no governo porque imediatamente começa a perseguição.
Outro delegado, Alexandre Saraiva, que também denunciou um ministro de Bolsonaro, no caso o do Meio Ambiente, por estar o sujeito acobertando escandalosamente uma quadrilha de contrabandistas de madeira, foi rebaixado. Não foi à toa que Bolsonaro perseguiu o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) pelo fato do órgão ter descoberto a lavagem de dinheiro de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.
O servidor do Ministério da Saúde que foi até Bolsonaro, junto com o irmão que é deputado, denunciar que estava sendo obrigado a assinar um documento aprovando a compra irregular de vacinas da Índia, foi exonerado e passou a ser perseguido tendo que sair do país num programa de proteção à testemunhas. Os servidores da Receita Federal que desbarataram os esquemas criminosos de Flávio Bolsonaro foram perseguidos com envolvimento até da Abin.
Ou seja, no governo Bolsonaro funciona a omertà, a lei da silêncio da máfia. Ninguém pode abrir o bico. Tudo tem que ser abafado, juízes têm que ser comprados, Procurador Geral tem que ser “amigo”, a Polícia Federal não pode ter autonomia. Toda essa operação é para Bolsonaro poder fazer a demagogia de que em seu governo não há corrupção.
O policial que investigava o filho “04” do “mito” foi designado agora para atuar com a parte burocrática da entidade, sendo responsável pela implementação interna do plano de saúde. A informação foi divulgada pela Coluna do Estadão, na última quinta-feira, 12. Correa atuou em um inquérito que investiga suspeita de tráfico de influência de Jair Renan, que teria facilitado encontros entre empresários e membros do governo e outro das fake news, que investiga ataques de bolsonaristas às instituições brasileiras.
O inquérito sobre possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro de Jair Renan foi aberta pela PF em março de 2021, na esteira de um procedimento preliminar do Ministério Público Federal sobre o envolvimento de Jair Renan com um grupo empresarial do setor de mineração. A investigação apura suposta atuação do filho do presidente Jair Bolsonaro no agendamento de reunião com ministros de governo.
Jair Renan conseguiu montar uma reunião no governo com a participação do irmão mais velho de John Lucas, Jonathan Thomazini, os dois são os empresários que financiaram a empresa do “04”. Eles conheceram Jair Renan no Espírito Santo, sede da empresa. O filho do presidente foi até lá.
Os dois empresários são donos do grupo que atua na área de veículos e construções. Eles foram vender a ideia da construção de casas de pedra, especialidade da família.
Foi Jonathan Thomazini que foi a Brasília com Jair Renan para uma reunião com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O assunto era para tratar sobre o projeto habitacional “Casa de Pedra”, de inciativa do grupo empresarial capixaba.
John Lucas, irmão de Jonathan, contou tudo na época à revista Veja. Ele deu detalhes de como Jair Renan articulou o encontro, duas semanas após se encontrar com os Thomazini em Vitória: “O Renan começou tudo, levou para Brasília. O projeto foi enviado para o pai dele, que o encaminhou para o Ministério do Desenvolvimento Regional”, disse. O delegado investigava tráfico de influência.
EDIÇÃO: Guiomar Prates