Delegações russa e ucraniana afirmaram que houve pausa para consultas e que diálogo será retomado  (EPA)

Após cinco horas, a primeira rodada de negociações que pode evoluir para um cessar-fogo na Ucrânia foi encerrada nesta segunda-feira (28) na Bielorrússia, e serão retomadas após consultas, informaram ambas as delegações. A reunião ocorreu na margem do rio Pripyat, na região de Gomel, sem que tenha sido divulgado o local exato por razões de segurança.

A próxima rodada é esperada para mais um par de dias nesta região de fronteira entre Bielorrússia e Polônia, declarou Vladimir Medinsky, conselheiro do presidente russo Vladimir Putin, também integrante da delegação russa. Ele frisou que foram identificados tópicos prioritários para a conquista da paz. Chefiada por Medinsky, a delegação russa também é composta por representantes dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, e do parlamento.

Do lado ucraniano, a delegação é integrada pelo ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov, que usava roupas militares, o conselheiro presidencial Mikhail Podolyak, o dirigente do partido “Servo do Povo” – o mesmo nome da novela que transformou o comediante Zelensky em presidente -, David Arakhamia e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Nikolay Tochitsky, entre outros

Sobre os pontos em debate, Podolyak disse que “certas soluções foram delineadas”.

NEGOCIAÇÕES PROSSEGUEM

“Houve uma fuga de informação que avançava que as negociações alegadamente estavam concluídas. No entanto, as pessoas que estão aqui agora não sabem nada sobre isso. Tudo continua”, afirmou o correspondente do canal da televisão russo, que está na Bielorrússia.

Liderada por Alexey Reznikov, a principal exigência ucraniana era um cessar-fogo imediato e a retirada de todas as tropas russas do país. Inicialmente dando as costas ao diálogo, mas acabando por ceder em enviar a delegação da Ucrânia, após dois adiamentos, Zelensky disse no domingo que não acreditava que as negociações seriam bem-sucedidas, mas achava que eram “uma chance”.

Como se não bastasse ter solicitado a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte, com o avanço da Otan a leste, Zelensky enviou um pedido formal para a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE), insistindo na postura beligerante. Pedido de adesão urgente foi negado pelo representante da diplomacia da UE, Josep Borrell.

Em meio aos movimentos da Otan para enviar armas ao governo fascista de Kiev, a Rússia sublinha que a Ucrânia necessita ser urgentemente “desnazificada” e “desmilitarizada” para proteger as repúblicas de Donetsk e Lugansk, bem como a segurança da Rússia, assim como de toda a Europa.

Antes da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso, Vladzimir Makiej saudou a importância do empenho das delegações, bem como o compromisso do seu país com o diálogo. “Caros amigos, o presidente da Bielorrússia [Alexander Lukashenko] pediu para vos dar as boas-vindas e assegurar o vosso trabalho tanto quanto possível. Como acordado com os presidentes [Volodymyr] Zelensky e [Vladimir] Putin, podem sentir-se completamente seguros. Este é o nosso dever sagrado”, disse Makiej.