Defasagem da tabela do IR fará mais pobres pagarem imposto
Estudo feito pelo Sindifisco Nacional revela que a defasagem da tabela do Imposto de Renda no governo Bolsonaro está acumulada em 26,6% até junho deste ano.
Segundo a entidade, que representa os auditores-fiscais da Receita, o aumento histórico é causado pela alta acelerada da inflação e a defasagem da tabela do Imposto de Renda que, desde 1996, nunca foi tão grande quanto no atual governo.
A atualização da tabela do IR, com ampliação da faixa de isenção para R$ 5 mil, promessa de campanha de Bolsonaro, nunca foi cumprida. O que se vê é o presidente fazendo demagogia com a redução do ICMS, enquanto arrocha ainda mais os trabalhadores com pagamentos de impostos.
Caso não haja a correção e seja mantida a política de arrocho sobre o salário mínimo, a partir do próximo ano, aqueles que ganham acima de um salário mínimo e meio deverão pagar o imposto.
“Quando não temos a correção da tabela, o tributo acaba atingindo em cheio os mais pobres, que perderam seu poder de compra ao longo do período. Não corrigir a tabela é uma forma de aumentar o imposto para essa numerosa parcela da população que, além de arcarem com o IR, precisam também lidar com os tributos indiretos, que incidem sobre o consumo”, afirma o presidente do Sindifisco Nacional, Isac Falcão.
O Sindifisco fez uma simulação para mostrar como ficaria a tabela de IR com a correção da defasagem.
Com a correção, apenas pessoas que ganham acima de R$ 4.670,23 pagariam IR. O levantamento usou como exemplo uma pessoa que ganha R$ 5 mil, após as deduções. Atualmente, ela paga R$ 505,64 de IR. Caso a tabela fosse corrigida integralmente, a contribuição cairia para R$ 24,73.
A simulação, também feita com exemplos de grandes rendimentos, com declarações de renda mensal de R$ 100 mil, por exemplo, mostra que o imposto também cairia com a atualização da tabela, mas bem menos, o que demonstra o arrocho nos mais pobres, como afirma Isac Falcão: “fica claro, ao analisarmos a diferença entre as tabelas, que estamos onerando muito os contribuintes de menor poder aquisitivo”.