O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

Titular da Economia no governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes chegou ao cargo com a imagem de superministro. Porém, cada vez mais, vai parecendo um “blefe total”, um “vira-lata” que, mesmo desmoralizado junto ao mercado, vai continuar arrumando desculpas para permanecer no governo, ainda que novas demissões coletivas aconteçam. A opinião é do jornalista Luis Nassif, do GGN.

A debandada da equipe econômica em meio a discussões controversas sobre a criação de uma bolsa no valor de R$ 400 para famílias pobres em ano eleitoral não deve mudar muita coisa para Paulo Guedes. A medida foi anunciada nesta quinta-feira (22), mesmo dia em que a Câmara dos Deputados aprovou um limite ao pagamento de precatórios e mudanças que, na prática, furam a lei do Teto de Gastos.

Segundo Nassif, o teto de gastos serviu como “poder de chantagem” do ministro sobre o a gestão bolsonarista – antes de a ala política do governo, liderada pelo Centrão, manobrar para estourar o Teto, emplacar projetos e tentar alavancar a popularidade do presidente. “Guedes, para manter poder dentro do governo, transformou a Lei de Teto em tabu. Se a lei se mantém e o orçamento fica curto, ele fica com armas para fazer o que ele fez: cortar salário do funcionalismo, vender estatais, controlar o orçamento, cortar da saúde e educação”, diz Nassif.

Apesar do terremoto no mercado financeiro com o anúncio da debandada, a tendência é que a questão seja esquecida com o tempo. “O mercado sabe há meses que Guedes é um blefe total. Qual é o poder do Guedes? O negócio das privatizações”, apontou Nassif, lembrando que o ministro acena, agora, com a privatização da Petrobras.

A questão central, de acordo com o jornalista, é que a elite financeira do País, sem visão de projeto nacional, surfa em qualquer onda. “A elite brasileira tem um espírito mercantil. Qualquer negócio é negócio. Para os profissionais, crise é momento de ganho também. Ganham em cima da queda e alta do dólar. Então ficam com esse jogo (com Guedes), mesmo sabendo que vai levar ao aprofundamento da crise.”

Ainda na visão de Nassif, “Guedes vai se enfraquecendo”. Com a saída de quatro secretários do Ministério da Economia, ligados ao Orçamento e Tesouro Nacional, “vem o pessoal político que passará a controlar o orçamento. Já tiram dinheiro da Ciência e Tecnologia para entregar ao orçamento secreto – que é a maior corrupção da história – e tudo vai sendo desmanchado.”

Nassif fez comentários sobre a demandada da equipe econômica em live na TVGGN com o linguista Gustavo Conde, do Canal do Conde. Eles também conversaram sobre como o relatório da CPI enquadra o clã Bolsonaro e a retirada do crime de genocídio indígena do texto final. Apesar disso, na visão do Nassif, a família presidencial poderá ser julgada em cortes nacionais e internacionais.

Com informações do Jornal GGN