Davos: cooperação e vacinas a todos para vencer Covid e crescer
Os líderes mundiais destacam a importância do multilateralismo e da economia sustentável na cooperação global durante e após a pandemia da Covid-19. As declarações neste sentido se sucedem na reunião do Fórum Econômico Mundial (WEF) da Agenda de Davos (por meio virtual).
O debate deste ano se dá sob o tema “Um Ano Crucial para Reconstruir Confiança” e está acontecendo entre os dias 25 a 29 de janeiro para abordar os desafios atuais, como a extensiva vacinação para a Covid-19, a criação de empregos e o enfrentamento das mudanças climáticas.
António Guterres, secretário-geral da Organização da ONU, ecoando a colocação do presidente da China, Xi Jinping, discursou reiterando o apelo por um “multilateralismo revigorado, inclusivo e conectado” e uma “participação plena, inclusiva e igual para os países em desenvolvimento nas instituições globais”.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advogou pela coordenação dos esforços internacionais para melhorar o acesso às vacinas contra o coronavírus.
“É difícil não perceber as transformações profundas na economia e política global, na vida social e nas tecnologias. A pandemia do coronavírus, que se tornou um desafio sério para toda a humanidade, só aumentou e acelerou as mudanças estruturais, cujas premissas já se formaram há muito […] Esta pandemia agravou os problemas e desequilíbrios que já vinham se acumulando antes no mundo”, constatou o presidente.
“Devemos nos unir e coordenar os esforços de todo o mundo na disseminação e aumento da disponibilidade ( …) das vacinas necessárias contra o coronavírus”, disse ainda o presidente russo.
“Deve-se prestar ajuda aos Estados que precisam de apoio, incluindo os africanos […] Estou falando do aumento dos volumes de testes e de realização da vacinação. Nós vemos que a vacinação em massa está hoje disponível antes de tudo aos cidadãos dos países desenvolvidos, enquanto centenas de milhões de pessoas no planeta estão desprovidas até da esperança de [receberem] tal proteção”, afirmou Putin ao ressaltar que “na prática, essa desigualdade pode representar uma ameaça comum.”
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, já tinha advertido, na segunda-feira (25), que os esforços dos países africanos para lançar programas de vacinação estão dificultados pelo açambarcamento de vacinas disponíveis pelas nações mais ricas.
“Em uma pandemia, não há tempo a perder. Precisamos desenvolver em conjunto e aumentar a escala das vacinas com mais rapidez”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em seu discurso.
Lembrou que “a Europa investiu para ajudar a desenvolver as primeiras vacinas Covid-19 do mundo, para criar um verdadeiro bem comum”.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também pediu uma distribuição “justa” e rápida das vacinas contra o coronavírus em todo o mundo, incluindo para os países mais pobres.
“Aqui se trata de uma distribuição justa, e não de uma questão de dinheiro”, disse em discurso no Fórum virtual, acrescentando que ela saúda o fato de que a iniciativa internacional de vacinação contra o coronavírus, COVAX, já tenha assinado os primeiros contratos.
“Este é o momento do multilateralismo”, disse Merkel na terça-feira (26), destacando que a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o comércio internacional justo são a pedra angular de uma maior cooperação internacional.
O presidente francês Emmanuel Macron assinalou que a primeira lição é que “não podemos pensar na economia sem pensar nos seres humanos”.
“Em todos os nossos países fizemos algo que era considerado impensável. Paramos todas as atividades econômicas para proteger vidas. Lembraram-nos que a economia é uma ciência moral e que a vida humana tem precedência sobre o comércio e os números”, disse ele.
Durante a reunião de terça-feira, as regulamentações sobre a economia digital também ocuparam um lugar importante. Von der Leyen alertou que o poder das empresas de Internet deve ser contido e propôs novas regras em nível global.
“Queremos que as plataformas sejam transparentes sobre o funcionamento de seus algoritmos. Não podemos aceitar que as decisões com grande impacto em nossa democracia sejam tomadas apenas por programas de computador”, argumentou.
Von der Leyen pediu regulamentação global sobre proteção de dados e privacidade, até a segurança de infraestrutura crítica.
Também disse que a UE aumentará o apoio financeiro para projetos digitais e promoverá ecossistemas inovadores “para se tornar um centro global de inteligência artificial”.