Cúpula das Américas: Argentina diz que não cabe a Biden excluir países
O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, criticou o veto unilateral dos Estados Unidos à Venezuela, Nicarágua e Cuba da Cúpula das Américas e defendeu uma “reestruturação” da Organização dos Estados Americanos (OEA), “retirando imediatamente aqueles que a lideram”.
Fernandez disse, em discurso na Cúpula, que “ser anfitrião [do evento] não confere a possibilidade de impor um direito de admissão” e que o veto feito pelos Estados Unidos desmoralizou a OEA, responsável pelo evento.
O presidente argentino pediu uma “reestruturação”, caso a Organização queira “ser respeitada e mais uma vez ser a plataforma política regional para o qual foi criado”.
Fernandez pediu a saída do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, a troca do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o fim dos bloqueios econômicos contra países latinos, como Cuba e Venezuela.
Por conta do veto, outros países, como México, Bolívia, Honduras e Guatemala não enviaram seus chefes de estado para o encontro, que aconteceu em Los Angeles, nos EUA. O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, informou que cancelou a viagem porque está com Covid. Ao todo, foram oito países ausentes. Para Fernandez, “o silêncio dos ausentes nos desafia”.
Como previu o diplomata boliviano, Sacha Liorenti, ao registrar o esvaziamento da Cúpula, vários líderes latino-americanos não foram e vários dos que compareceram denunciaram as exclusões por parte de Washington.
“Definitivamente, queríamos outra Cúpula das Américas. Para que isso não se repita, gostaria de deixar registrado para o futuro que o fato de ser um país anfitrião da reunião não lhe concede a capacidade de impor o direito a admitir os países membros do continente”.
“Um único pensamento não pode ser imposto em um mundo que exige harmonia sinfônica diante de dramas comuns. O diálogo na diversidade é o melhor instrumento para promover a democracia, a modernização e a luta contra a desigualdade”, pontuou. Fernandez ainda defendeu uma América Latina “unida e inclusiva”.
“Da periferia em que nos encontramos, a América Latina e o Caribe olham com dor o sofrimento que os povos irmãos suportam”.
“Cuba suporta um bloqueio de mais de seis décadas imposto nos anos da Guerra Fria e a Venezuela tolera outro durante a pandemia que devasta a humanidade e arrasta consigo milhões de vidas”.
Os dois embargos foram impostos unilateralmente pelos Estados Unidos. No caso Cuba, foi determinado na década de 1950 por conta da revolução, que tirou a ilha do controle estadunidense.
Na Venezuela, os Estados Unidos apoiaram a tentativa de golpe capitaneada por Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente do país. Em 2019, os EUA impuseram uma sanção ao petróleo venezuelano, que era uma das principais rendas do país.
Joe Biden excluiu Cuba, Venezuela e Nicarágua da Cúpula das Américas dizendo que esses países desrespeitaram os Direitos Humanos. Em julho, o presidente dos EUA vai viajar para a Arábia Saudita, país que sequer aceita a Declaração Universal dos Direitos Humanos e cuja monarquia já realizou torturas, assassinatos e outros crimes como o que ocorreu em sua embaixada na Turquia