Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, visita o Instituto Finlay de Vacinas 

Com base na previsão das 100 milhões de doses da vacina Soberana 02 a serem preparadas pelo Instituto, ainda em 2021, já existem diversos países com interesse em adquirir o produto. São eles, Vietnã, Irã, Venezuela, Paquistão e Índia, como declarou o cientista cubano Vicente Vérez Bencomo, diretor do Instituto Finlay de Vacina (IFV), que está desenvolvendo o imunizante.

A questão é que Cuba, após ter sido um dos países com mais sucesso na contenção do vírus, com 184 óbitos até aqui, está avançando para vacinar toda a sua população com um produto desenvolvido no próprio país.

A Soberana 02 está na fase 2 de testes clínicos (900 voluntários e nenhum resultado adverso entre os que foram submetidos à vacinação) e deve, nos próximos dias passar para a fase seguinte com previsão de aplicação em 150 mil cubanos.

Com esse montante de vacinas a ser produzidas no país, a população de 11,34 milhões será plenamente atendida e ainda restará um amplo excedente a ser ofertado para outros países.

“Estamos reorganizando nossa capacidade produtiva, porque a demanda pela vacina é grande”, declarou Vicente, durante conferência em que um grupo de jornalistas pôde visitar o laboratório em que é fabricado o imunizante.

Segundo o diretor do Instituto Finlay, a vacina Soberana 01 ainda está em estágio menos avançado de desenvolvimento e há ainda as vacinas Manbisa e Abdalá, também em desenvolvimento no país pelo Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB). Uma delas, a Manbisa, traz a inovação de ser de aplicação nasal, via spray.

Sobre a Soberana 02, o diretor do IFV informou que “o antígeno é seguro, pois não contém o vírus vivo, mas sim partes dele, gerando imunidade sem que isso cause riscos à pessoa”. Vicente acrescentou que “a conservação desta vacina não demanda refrigeração especial, a exemplo de algumas que estão sendo fabricadas”.

Pesquisadores do Instituto Finlay já estão trabalhando com a Itália e o Canadá para estudar os efeitos dessa vacina em pessoas que já tiveram a doença e estão em processo de recuperação, mas que correm o risco de reinfecção. Segundo Vérez, a eficácia da vacina está sendo avaliada também em casos de novas mutações.

No dia 9, o Instituto Finlay de Vacinas (IFV) de Cuba assinou um acordo com o Instituto Pasteur do Irã para trabalhar em conjunto nos ensaios clínicos da Soberana 02. A fase III, além do experimento em Cuba ocorrerá também no país asiático, onde a prevalência do vírus é três vezes maior do que na ilha.

O diretor do Instituto enfatiza que o intuito da fabricação das vacinas é priorizar a saúde e que o retorno financeiro será apenas consequência: “Não somos uma empresa multinacional na qual o retorno [financeiro] é a razão número um. Trabalhamos diferente, nossa prioridade é a saúde”. Os recursos advindos da comercialização no exterior da vacina serão aplicados na produção de vacinas e medicamentos para o país.

Cuba mantém um centro científico que produz quase todas as vacinas e medicamentos de última geração. Cientistas usaram tecnologia de um imunizante contra o vírus da Influenza como base para a criação da vacina Soberana 02.

O diretor do IFV informa também que os turistas que visitarem Cuba, poderão circular no país após breve quarentena em hotéis especiais por cinco dias e, se assim o desejarem, também podem se vacinar. “Este ano teremos toda a população cubana vacinada e os turistas terão a opção, se quiserem, de vacinarem-se em Cuba”, finalizou o diretor Vicente Vérez.