Cuba vacina crianças a partir de dois anos contra a Covid
Cuba se tornou em setembro o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação massiva de crianças a partir de dois anos contra o novo coronavírus. Com a consciência da necessidade do combate à pandemia, as famílias têm lotado as clínicas, hospitais e escolas convertidas em postos de saúde para a imunização coletiva.
Soberana 02 e Soberana Plus são as vacinas desenvolvidas por médicos e cientistas da nação caribenha que vêm sendo utilizadas desde a última quinta-feira (16), para a imunização de crianças. Nas semanas anteriores havia começado a vacinação de jovens entre 11 e 18 anos.
“Nosso país não arriscaria nada se não fosse uma vacina comprovadamente segura e com grande eficácia”, declarou Aurolis Otaño, diretora do Policlínico Universitário Vedado.
A chegada da variante Delta na Ilha elevou os casos de Covid-19 entre as crianças, o que tem sido respondido com a ampliando a mobilização. Por isso, assim como os adultos, meninos e meninas precisarão de três injeções antes de serem considerados totalmente imunizados.
Num dos inúmeros locais que serviram como postos de vacinação, médicos e enfermeiras com orelhas de Mickey brincavam com um palhaço, descontraindo o ambiente.
O ministro da Saúde de Cuba, José Portal Miranda, destaca que “o número de infecções pelo novo coronavírus ocorridos em Cuba nos últimos meses entre a população pediátrica” requer atenção redobrada.
De acordo com o ministro, 117.500 menores foram diagnosticados com Covid-19 e desde o início de agosto, dez menores, crianças e bebês foram listados como mortos.
O objetivo agora, assinalou o governo, é imunizar mais de 90% da Ilha e reabrir as fronteiras internacionais em meados de novembro. O objetivo do governo é manter aulas presenciais e abrir espaço para a retomada do desenvolvimento econômico.
“Estar vacinado não será uma condição para frequentar nossas instituições de ensino com as aulas retomadas, mas pedimos à família cubana que vacine seus filhos. Temos uma vacina 100% cubana”, enfatizou o vice-ministro da Educação, Eugenio González Pérez.
O órgão regulador de medicamentos de Cuba até agora aprovou o uso emergencial para três vacinas nacionais que os cientistas cubanos asseguram ser altamente eficazes na prevenção de doenças graves e morte pelo novo coronavírus. Os dados estão sendo compartilhados com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Inicialmente os produtores das vacinas estatais esperavam produzir doses suficientes para a população de 11,2 milhões de cubanos até setembro, mas depois denunciaram que o embargo comercial dos Estados Unidos provocou uma escassez que os fez ficar aquém da meta. Diante do bloqueio estadunidense, mais uma vez a Ilha recebeu a solidariedade por meio da vacina chinesa Sinopharm – embora seja menos eficaz do que a resposta imunológica das vacinas cubanas.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) publicou o informe “Covid-19 e a vacinação na América Latina e o Caribe: desafios, necessidades e oportunidades”, no que reconhece a liderança de Cuba na produção de preparações contra o vírus no continente.