Presidente Díaz-Canel denuncia EUA na ONU por recrudescer bloqueio a Cuba

Em seu discurso na 76ª Assembleia Geral da ONU, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, denunciou o governo dos Estados Unidos por “recrudescer” o bloqueio contra seu país, vigente há mais de meio século, no marco de uma “guerra não convencional” que tem como objetivo “apagar” a Revolução iniciada por Fidel Castro. Em seu discurso virtual durante a sessão das Nações Unidas, Díaz-Canel afirmou que os Estados Unidos usam as sanções econômicas como um dos instrumentos centrais de sua política externa para ameaçar e pressionar outros países.

Diante dessa situação, afirmou que “devemos lutar para que prevaleçam a solidariedade, a cooperação e o respeito mútuo, se queremos dar uma resposta efetiva às necessidades e desejos de todos os povos, preservando o que há de mais valioso: a vida e a dignidade humanas. Nossos povos têm direito a viver em paz e segurança, ao desenvolvimento, ao bem-estar e à justiça social”.

O também primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba defendeu “uma mudança de paradigma e a transformação de uma ordem internacional profundamente desigual e não democrática, que coloca o egoísmo e os interesses mesquinhos de uma minoria acima das aspirações legítimas de milhões de seres humanos”.

“Por mais de 60 anos, o governo dos Estados Unidos não parou um minuto em seus ataques contra Cuba”, constatou Díaz-Canel e se referiu a “fundos multimilionários” que vão para “campanhas de manipulação” com o objetivo de projetar “uma imagem absolutamente falsa da realidade cubana”, sublinhando que por meio de medidas de “coerção econômica” o governo dos Estados Unidos “ameaça, extorque e pressiona Estados soberanos a se manifestar e agir contra aqueles que identifica como adversários”, incluindo esforços para promover mudanças de regime.

O presidente denunciou na ONU que “o mais cruel e prolongado bloqueio econômico, comercial e financeiro que tenha sido aplicado contra qualquer nação, foi exacerbado de forma oportunista e criminosa em meio à pandemia, e o atual governo de Joe Biden mantêm vigentes, sem mudanças, as 243 medidas coercitivas adotadas pelo governo de Donald Trump, incluindo a incorporação de Cuba à lista espúria e imoral de países que supostamente patrocinam o terrorismo”.

“Fizeram de tudo para apagar a Revolução cubana do mapa político mundial. Não aceitam alternativas ao modelo que concebem para o que acham ser o seu quintal”, assinalou.

Declarou inaceitável questionar o direito de todo Estado “de desenvolver o sistema político, econômico, social e cultural soberanamente escolhido por seu povo”.

Solidariedade

Diante disso, a resposta cubana tem sido a soberania e a solidariedade, reiterou. Díaz-Canel registrou que “praticamos a solidariedade desinteressada com aqueles que precisam de nosso apoio e também o recebemos com gratidão de governos, povos, amigos e da comunidade cubana no exterior”.

Como exemplo, lembrou que Cuba “enviou mais de 4.900 colaboradores, organizados em 57 brigadas médicas, a 40 países e territórios afetados pela Covid-19 ”. Ao mesmo tempo, comemorou que os cientistas cubanos desenvolveram três vacinas mesmo sob condições extremamente adversas, Abdala, Soberana 02 e Soberana Plus, com as quais se espera imunizar toda a população da ilha até o final deste ano.

E concluiu afirmando: “Ratificamos a determinação de Cuba de continuar a expor com clareza suas verdades por mais que incomodem a alguns, de defender os princípios e valores em que acreditamos, de apoiar causas justas, de enfrentar os abusos, como temos enfrentado agressões estrangeiras, o colonialismo, o racismo e o apartheid, e de lutar incansavelmente pela maior justiça, prosperidade e desenvolvimento de nossos povos que merecem um mundo melhor”.