Dra. Mayda, diretora da CubaBioFarma, destaca a "capacidade do país para enfrentar a pandemia nas condições impostas pelo bloqueio dos EUA”

Dadas as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos Joe Biden, nas quais se referiu a Cuba como um “Estado falido” e desacreditou a capacidade do sistema nacional de Saúde e Ciência da ilha de enfrentar os desafios da Covid-19, destacados cientistas anunciaram o envio de uma carta à Casa Branca sublinhando as capacidades do seu país para lidar com a pandemia.

A missiva assinalou que nos últimos dias Biden afirmou que estaria disposto a doar quantidades significativas de vacinas para a Ilha, caso um organismo internacional se encarregasse de aplicá-las, sugerindo a necessidade de uma intervenção internacional para garantir lá a imunização.

Além disso, ele se referiu ofensivamente a Cuba como um “Estado falido” que administra de forma ineficiente a pandemia, ao mesmo tempo em que desqualifica as capacidades do sistema de Saúde Pública e o trabalho dos cientistas.

Mayda Mauri Pérez, primeira vice-presidente do grupo BioCubaFarma, explicou que, em resposta a essas declarações, a carta tem “o propósito de dar a conhecer os argumentos que demonstram a capacidade e vontade política do nosso país para enfrentar os desafios da pandemia, especialmente dadas as duras condições que nos são impostas pelo bloqueio dos Estados Unidos”.

Acrescentou que até o momento já foram produzidos 13 milhões de vacinas contra Covid-19 na ilha e, como crianças e gestantes já começaram a ser inoculadas, a previsão é que toda a população esteja vacinada em setembro. A ilha tem 11 milhões de habitantes e após a imunização de todos, o excedente começaria a ser exportado.

Cuba é a única nação latino-americana que produz suas próprias vacinas: Soberana 01, Soberana 02, Soberana Plus, Abdala e Mambisa.

Abdala e Soberana 02, já são administrados massivamente na população cubana, as outras estão na última fase de testes.

“A imunização faz parte do sistema de saúde pública universal de nosso país, gratuita para todos os cubanos, independentemente de sua condição socioeconômica, política, religião, sexo ou raça”, afirma a carta que será disponibilizada em formato eletrônico para que todos possam assiná-la.

Por sua vez, Vicente Vérez Bencomo, diretor do Instituto Finlay de Vacinas, expressou que as declarações de Biden constituem uma tentativa de “tirar o mérito da potencialidade” de tudo o que os médicos cubanos estão fazendo.

A carta inclui dados sobre as conquistas da ciência cubana no desenvolvimento de vacinas, entre outras coisas. Destaca as realizações de Cuba nesta área, incluindo o desenvolvimento da primeira vacina eficaz do mundo contra a meningite B (doença meningocócica) em 1989.

O documento também explica que especialistas cubanos em vacinas foram solicitados em várias ocasiões para ajudar nos esforços globais para eliminar a poliomielite, e a OMS se voltou para instalações de produção em Cuba para exportar as vacinas necessárias com urgência para o ‘cinturão da meningite’ na África Subsaariana.

Mitchell Valdés Sosa, diretor do Centro de Neurociências, também frisou que “se o presidente Biden quer ajudar Cuba, o que deve fazer é levantar o bloqueio”.

“O caminho é a cooperação, não o bombardeio de mentiras que estamos presenciando nos últimos dias”, sublinhou o doutor em Ciências Agustín Lage Dávila, assessor do presidente da BioCubaFarma, afirmando que Cuba mantém uma posição aberta para colaborar com os Estados Unidos em assuntos científicos.