Presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel

Queremos uma Cúpula das Américas e não uma cúpula dos Estados Unidos e seus estados selecionados”, disse o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, na segunda-feira (2), depois que Washington anunciou que considera “improvável” que Cuba e outros países sejam convidados para a próxima Cúpula, que acontecerá em junho próximo em Los Angeles.

Em declarações durante um fórum de solidariedade com Cuba em Havana, no qual participaram mais de mil representantes de mais de 50 nações, Díaz-Canel qualificou de “fracassada” a política dos EUA em relação à Ilha e denunciou que Washington mantém sua política de “pressão máxima, para gerar desestabilização”.

Ao fórum, Díaz-Canel assegurou que os Estados Unidos “mais uma vez falharão em seu propósito de derrubar a revolução”. Os grandes desafios da humanidade, acrescentou, não se resolvem com confronto e violência, mas sim com solidariedade e cooperação.

Cuba agradeceu ao México pelo posicionamento do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO), que questionou a exclusão de quem quer que seja numa ‘Cúpula das Américas’.

Como é que convocamos uma Cúpula das Américas, mas não convidamos a todos? Então, de onde são os que estão convidados? De que continente, de que galáxia, de que satélite?”, indagou o presidente mexicano.

Com todo o respeito, propus ao presidente Biden que, se houver uma Cúpula das Américas, todos os povos das Américas devem participar, que ninguém deve excluir ninguém”, disse o presidente mexicano durante uma entrevista coletiva.

Todos, todos, todos. E há que mudar a política. Na América, já não podemos seguir mantendo a política de há dois séculos”, acrescentou.

Segundo o portal Hispan TV, Biden concordou em pensar sobre isso. “Espero que se resolva abrir o convite e quem não quiser ir não deve ir, mas ninguém exclui ninguém”, reiterou Obrador.

Cuba está há 60 anos sob brutal bloqueio econômico e comercial dos EUA, que entra presidente na Casa Branca, sai e entra outro, não cessa o embargo nem a extraterritorialidade dessas leis, que não só vetam o comércio entre Cuba e os EUA, como tentam penalizar quem quer que comercie com Cuba.

Nos últimos 29 anos, por muito larga maioria a Assembleia Geral da ONU tem aprovado resolução condenando o bloqueio. No ano passado, a resolução passou por 184 votos contra 2 (EUA e Israel); três países se abstiveram (Ucrânia, Colômbia e Emirados Árabes).

Apesar de certa melhora no governo Obama, quando houve a retomada das relações diplomáticas, o bloqueio não só tem sido mantido por Washington mas ainda foi endurecido sob Donald Trump, afetando diretamente o envio de remessas de dinheiro desde os EUA à ilha caribenha e o acesso a combustível. Biden, que prometeu em campanha eliminar as sanções adicionais de Trump, manteve intacta tal política de “pressão máxima”, que não foi amenizada sequer durante a pandemia.