Bombeiros venezuelanos chegam a Havana para apoiar luta contra o fogo em Matanzas

O incêndio na base de superpetroleiros de Matanzas, porto de Cuba, o maior da história do país, já está contido, afirmou o presidente Miguel Díaz-Canel na quarta-feira (10), e assim a renhida luta dos bombeiros cubanos, venezuelanos e mexicanos logrou salvar a metade – quatro tanques de 52.000 litros de capacidade cada – do complexo que armazena o petróleo que a Ilha importa, imprescindível para a economia cubana.

Agora se trata de seguir abafando os focos de fogo, até extingui-los. “Temos muitos dias de trabalho restantes”, acrescentou Díaz-Canel, após apontar que foram necessários cinco dias aproximadamente para alcançar o controle sobre esse incidente de grande escala e alta complexidade.

Embora não haja perigo de propagação do fogo, ainda estão em andamento os esforços para extinguir focos menores, segundo o vice-chefe do Corpo de Bombeiros de Cuba, coronel Daniel Chávez.

Díaz-Canel destacou que o que foi alcançado tem a ver com “o heroísmo, a coragem, a solidariedade, o compromisso e a unidade com que este sinistro foi enfrentado”.

“Existem as razões e a essência do resultado e também a certeza de que vamos continuar avançando e superando isso sem descuidar de todas as outras tarefas em que o país está imerso”, observou.

O presidente registrou que um dos elementos fundamentais que permitiram o avanço, principalmente nos últimos dois dias, foi o esforço para garantir os fluxos de água neste complicado processo.

Isso possibilitou colocar em operação o próprio sistema da Base de superpetroleiros, afetado pelo incêndio, ao qual também foram agregadas tecnologias vindas da Venezuela e do México, bombas potentes, permitindo garantir os níveis de água, elemento decisivo nesse combate, e espuma.

Foi – apontou – “um trabalho tremendo, foi preciso fazer peças e juntas, pois são tecnologias diferentes, diâmetros de mangueiras e tubos diferentes”. “Estamos falando de tubulações que foram carregadas com guindastes, no meio do incêndio, em locais onde havia alta temperatura, tivemos que parar o trabalho, esperar a turbulência do incêndio passar para voltar ao trabalho.”

Em seu discurso, ele expressou reconhecimento ao pessoal da construção civil que garantiu os muros de contenção para evitar a propagação do combustível derramado, aos operadores de helicópteros e às forças de apoio do México e da Venezuela.

Delas, Díaz-Canel salientou que não só vieram para cumprir com uma determinação de seu governo, mas também “por um compromisso com o povo cubano e para apoiar o país”. Ele também agradeceu a chegada de equipamentos e outras formas de solidariedade de vários países.

O presidente cubano elogiou particularmente os bombeiros. Foi um “trabalho corajoso”, caso contrário a base de superpetroleiros teria sido perdida.

Outra notícia positiva é que a central termelétrica Antonio Guiteras, não apenas foi salva, como já voltou a operar, depois de dois dias parada devido à contaminação da água causada pelo derramamento de combustível.

Díaz-Canel também mencionou a solidariedade manifestada por todas as partes do país, “o que demonstra as qualidades de nosso povo, que mostrou disciplina e enfrentou essa situação sem desespero”.

Ele saudou a forma como a informação fluiu para a população, que teve a narrativa objetiva, sincera e honesta da complexidade dos acontecimentos por diversos canais, assim como a atuação da vigilância ambiental e o desempenho da assistência médica às vítimas.

Tão logo haja condições, será iniciada a busca dos 14 bombeiros desaparecidos no enfrentamento com o fogaréu. Díaz-Canel explicou à imprensa na véspera que assim que as chamas forem apagadas e a temperatura cair, “poderemos entrar para recuperar as vítimas”. “Vai ser um momento muito difícil” para o qual “temos de estar preparados e dar apoio a estas famílias”, acrescentou.

Até agora, está confirmada a morte de um bombeiro de 60 anos. 128 pessoas receberam atendimento médico por queimaduras e inalação de fumaça, 20 das quais permanecem hospitalizadas, sendo cinco em estado crítico.

O jornal mexicano La Jornada registrou o depoimento de um piloto cubano que acompanhava colegas da Marinha mexicana, em que revelou que um dos quatro tanques “já está praticamente apagado”.

“O trabalho foi eficaz”, disse o piloto, pois foi possível manter refrigerada a tubulação que liga o depósito a outros quatro tanques de 52 milhões de litros cada, localizados a apenas 150 metros de distância, assegurando a preservação dessa infraestrutura.

Em um segundo tanque, segundo imagens entregues pela tripulação à televisão cubana, há menos fumaça e as chamas são mais fracas do que nos dias anteriores. Nos dois tanques restantes, a situação não pôde ser verificada, pois a fumaça ainda dificulta a visão, embora as chamas sejam menos intensas, apontou La Jornada.

O incêndio começou na sexta-feira depois que um raio atingiu um dos oito tanques da base de armazenamento de combustível localizada a 100 quilômetros a leste de Havana.

Da cidade de Matanzas, a quatro quilômetros do incêndio, vê-se menos fumaça do que nos dias anteriores, segundo jornalistas da AFP. Eles também observaram o Bourbon Artabaze, da marinha mexicana, lançando um poderoso jato de água a cerca de 150 metros do incêndio enquanto cinco helicópteros equipados com tanques de 2.500 litros lançam água do mar.