Reunião do Conselho Nacional da CTB, em Brasília.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) iniciou na sexta-feira, 13, o seu 3º Conselho Nacional, em Brasília. No encontro, os dirigentes da central irão debater a conjuntura política do país e o plano de ação para próximo ano.
Para o presidente da central, Adilson Araújo, “o momento requer a mais ampla e sólida unidade da classe trabalhadora, das centrais sindicais, dos movimentos sociais e das forças democráticas e progressistas para a luta contra o retrocesso e em defesa da democracia, da soberania nacional, dos direitos e da valorização do trabalho”.
O Conselho é realizado na sede da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais). Aristides Veras dos Santos, presidente da Confederação, também ressaltou a importância da unidade nesse momento, destacando que a entidade tem uma forte tradição de convivência unitária das diferentes tendências ideológicas e políticas, e que “acima de tudo está a unidade, é ela que reforça nossa luta”, afirmou.
Com a presença de dirigentes das centrais UGT, CGTB e CSB, os sindicalistas irão debater os projetos impostos pelo governo Bolsonaro, que atingem os direitos dos trabalhadores e da organização sindical, como o chamado programa verde e amarelo (MP 905), reforma sindical, e a defesa da democracia.
Ubiraci Dantas de Oliveira, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), destacou que “temos um governo que está fazendo de tudo para destruir o Brasil, destruir os direitos dos trabalhadores, da Previdência, reforma trabalhista, reforma sindical. Faz terra arrasada com as estatais estratégicas para o Brasil, Petrobrás, Eletrobrás, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. Quer privatizar tudo. Promove o maior desmatamento da história do Brasil, incentiva a queimada na Amazônia”.
“E para poder materializar o seu projeto de destruição nacional quer impor uma ditadura dentro do nosso Brasil. Tramam para dar um golpe no nosso Brasil. Querem de volta o AI-5, que matou, torturou, exilou inúmeros companheiros”.
“No entanto, nós fomos vitoriosos contra a ditadura. Foi necessário montar frentes para derrotar a ditadura. Isolamos o campo mais horrendo que tinha, e derrotamos a ditadura. Na anistia também. E na Constituição Cidadã construímos uma frente para garantir essa nossa Constituição. E não pensem que foi fácil, porque teve gente que foi contra a frente ampla, que foi contra unir todos os brasileiros para acabar com a ditadura naquela época, mas nós fomos vitoriosos”.
“E agora o que temos que fazer é chamar todos aqueles que não aceitam esse governo, e montar uma frente para derrotarmos a ditadura de Bolsonaro”, conclamou Bira.

ATAQUE AOS DIREITOS TRABALHISTAS

Em documento apresentado para o debate, a CTB destaca que “o governo da extrema direita revelou-se um inimigo mortal da classe trabalhadora. Autoritário e intolerante, radicalizou a agenda de restauração neoliberal inaugurada por Michel Temer. Sob a máxima reacionária de que ‘o trabalhador terá de escolher entre direitos ou empregos’, editou várias Medidas Provisórias com o objetivo de destruir direitos e fragilizar ainda mais os sindicatos (MPs 871, 873, 881 e 905)”.
“O Palácio do Planalto criou um Grupo de Altos Estudos do Trabalho – GAET, coordenado pelo relator da reforma trabalhista de Temer, Rogério Marinho, e integrado por notórios reacionários, como o jurista Ives Gandra da Silva Martins. O objetivo é prosseguir na obra iniciada por Temer, subtrair outros direitos previstos na CLT e desfigurar o Artigo 8º da Constituição de modo a extinguir a Unicidade Sindical e permitir a criação de sindicatos por empresas, impondo a divisão e pulverização da organização sindical”, denuncia o documento.
A carta da central aponta ainda o caráter fascista do governo Bolsonaro, que “investe diariamente contra os direitos das mulheres, dos negros, dos índios, despreza o meio ambiente, estimula a violência policial, no campo e nas periferias das metrópoles, e os crimes ambientais. Manteve e provavelmente ainda mantém relações obscuras e perigosas com a milícia carioca, inclusive com os assassinos da vereadora Marielle Franco”.
“O presidente defende a tortura, abomina as liberdades democráticas e procura abrir caminho para o retorno de uma ditadura militar no país, ao mesmo tempo em que não adota nenhuma iniciativa efetiva para amenizar o desemprego em massa e a grave crise econômica e social que atinge o país. É uma ameaça neofascista que não pode ser negligenciada pelas forças democráticas e progressistas”.
“É frente a esta conjuntura política hostil aos interesses do povo e da nação brasileira que o Conselho Nacional da CTB conclama a classe trabalhadora à resistência e à luta”, destaca a carta.