Um morador de Realengo, na zona oeste da capital fluminense, atingiu o rosto e o ombro do
prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, com uma bola de lama em resposta a declaração
do chefe do executivo municipal que colocou a culpa das enchentes que assolam a cidade na
própria população carioca.
As enchentes já mataram quatro pessoas na capital e uma na Baixada Fluminense – uma
quinta pessoa desaparecida é procurada pelo Corpo de Bombeiros no município de
Queimados. “A culpa é de grande parte da população, que joga lixo nos rios frequentemente”,
afirmou antes de ser atingido pelo barro.
Veja o momento em que a bola de lama atinge o prefeito:
No último domingo, 1º de março, Crivella já havia feito declarações bastante complicadas
sobre a situação das enchentes. Ele afirmou que os moradores gostam de morar perto de
áreas de risco porque gastam menos tubos para colocar cocô e xixi e ficam “livre daquilo”.
Durante a reunião, Crivella afirmou que é uma escolha dos próprios moradores viverem em
áreas de “talvegues” – caminho por onde as águas das chuvas passam, considerado um local
de risco. “Todas as encostas lá são perigosas, mas aonde descem as águas,
predominantemente chamado talvegues, e as pessoas gostam de morar ali perto porque
gastam menos tubo para colocar cocô e xixi e ficar livre daquilo, essas áreas são muito
perigosas”, concluiu Crivella.
Reincidência na falta de bom senso
Essa não foi a primeira vez que faltou bom senso ao prefeito carioca quando o assunto é
enchente. Em fevereiro de 2018, a capital fluminense enfrentava alagamentos descomunais,
que deixaram milhares de pessoas sem casa.

A respeito do que aconteceu à época, Crivella decidiu fazer uma piada: “Lá em São Paulo
também tem enchente. Vão até lançar um programa novo: o Balsa Família!”, comentou.

Polícia gaúcha investiga pastores que prometem “unção” que cura o coronavírus
03-03-2020
A 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre deu início a inquérito para investigar a possibilidade
de charlatanismo na divulgação de um culto da “Igreja Catedral Global do Espírito Santo”, que
promete a imunização de doenças, dentre elas o coronavírus.
Durante um culto realizado no domingo (1), divulgado em um panfleto que circula nas redes
sociais, a igreja dos ditos ‘profetas’ Silvio e Maria Ribeiro, afirmaram que vão distribuir um
‘óleo ungido’ no jejum para ser usado contra qualquer epidemia, vírus ou doença.
Conforme a delegada Laura Lopes, o inquérito foi instaurado para apurar a possibilidade de
crime de charlatanismo, que, conforme o Código Penal, seria “inculcar ou anunciar cura por
meio secreto ou infalível”. Nos próximos dias, ela deve começar a ouvir pessoas ligadas à
igreja.
Pela veiculação do panfleto, a delegacia instaurou a investigação, que tem 30 dias de prazo
para conclusão. Até o momento, a Polícia Civil afirmou que só tem conhecimento deste caso.
“A gente tem o folder que foi nos encaminhado, que diz que imunizaria o coronavírus. Uma
equipe de policiais foi até o culto, era um serviço discreto, mas tinha gente que conhecia eles e
não foi tão discreto”, afirma.
“Eles [policiais] perguntaram, falaram com pastor e fiéis, e em princípio nada de ilegal ali foi
constatado”, detalha a delegada.
O culto foi filmado e está disponível na internet. Nas imagens, o pastor Sílvio Ribeiro diz
que “se você tem o Espírito Santo, a doença vai cair quando chegar em você. O Brasil vai pegar
esse demônio aí pelo sangue de Jesus. Não vai ser casa de demônio”.
Em outro momento, exclama: “o coronavírus é a trombeta de Deus proclamando arrependei-
vos (repete). O que é o coronavírus? Não é pra ti (repete), eu vou profetizar, ninguém que é
lavado, remido, redimido, perdoado, justificado, inspirado, ungido, lavado, salvado pelo sangue
de Jesus, vai morrer”.
DENÚNCIAS NO MP
Até a tarde de segunda, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) havia recebido 10
denúncias sobre a suposta promessa de curar ou proteger do coronavírus pela igreja. O
anúncio foi encaminhado para as Promotorias de Justiça Criminais, de Proteção à Saúde e às
Promotorias de Justiça Cíveis, para a verificação do tipo de conduta e eventuais consequências
legais, afirma o órgão.

“A incolumidade pública e em especial a saúde da coletividade é devidamente tutelada”, diz a
coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos, Angela Salton
Rotunno.
Para a procuradora, a conduta dessas pessoas pode se enquadrar nos crimes de charlatanismo
ou de curandeirismo. Ela frisa, ainda, que se houver comprovação de vantagem remuneratória,
também essa falsa promessa pode caracterizar estelionato. Durante o culto gravado, os
pastores mencionam a possibilidade de doações de valores, inclusive disponibilizando
máquinas de cartão aos fiéis.
Por fim, é possível que as pessoas que se sentirem prejudicadas busquem a devida indenização
remuneratória por eventual custo com deslocamento ou pagamento de dízimo.
“Diante da doença e da possibilidade de morte, é comum o ser humano se sentir desesperado
e desamparado. Essa fragilidade emocional afasta a racionalidade e traz, como consequência,
a facilidade em acreditar em qualquer promessa de proteção ou cura. É o que está
acontecendo no momento. Pessoas inescrupulosas tentam obter vantagem desse desalento”,
disse Angela Rotunno.