Em agenda em Recife na manhã desta sexta-feira (23), Manuela D’Ávila, pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, concedeu entrevistas para rádios locais e participou ao vivo de programa na TV do Jornal do Comércio (TVJC).

Manuela destacou as propostas de sua pré-candidatura como o projeto de desenvolvimento nacional como saídas para a crise do país e a retomada do crescimento econômico, do Manifesto assinado pelas fundações que trata da unidade da esquerda com o programa mínimo de desenvolvimento nacional e das tratativas da pré-candidatura da deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE) ao Senado.

Mas o tema mais levantado pelos entrevistadores foi o da segurança pública. Para a pré-candidata do PCdoB, a questão tem sido colocada em segundo plano pelos últimos governos e é preciso trazer o tema para a centralidade da política federal, como um plano de desenvolvimento do país, com políticas públicas voltadas para os mais carentes. Não existe país desenvolvido e violento, disse Manuela.

Sobre a decisão do governo Michel Temer de fazer uma intervenção no Estado do Rio de Janeiro, Manuela criticou a “ação militar” e a criação de um Ministério de Segurança por medida provisória. “Como assim provisório? Se o mundo nos mostra que as experiências mais bem-sucedidas de combate à violência estruturaram medidas permanentes que passam pela inteligência.”

“As soluções de Temer são efêmeras porque não apresentam nada permanente, visando o futuro”. Uma solução poderia vir a taxação das grandes fortunas para, com o dinheiro, fazer um fundo direcionado à segurança pública, pontou Manuela.

A pré-candidata comentou a ideia de unificação dos procedimentos do policiamento. “A polícia militar e civil, cada uma fica com uma parte do processo, uma com a patrulha e a outra com a investigação. Isso tem relação profunda com a situação de violência que vivemos, porque as polícias não podem cumprir o seu papel de forma completa”.

“Os países que combatem bem a violência têm múltiplas polícias. Os Estados Unidos, por exemplo, tem mais de uma centena de polícias. Há a necessidade de uma política nacional de segurança pública”, apontou.

Indagada sobre a situação da segurança pública em Porto Alegre, capital do seu estado, Manuela esclareceu que o município enfrenta a guerra do tráfico e é preciso enfrentar esse problema de forma competente com a polícia federal. “A única polícia que investiga, prende, faz todo ciclo da atividade policial”.

Candidatura própria do PCdoB

A finalidade da candidatura própria do PCdoB, segundo Manuela, é baseada na necessidade de aproveitar o palco de debate político, que as eleições propiciam, para apresentar saídas para a crise que o país atravessa. “A crise tem que servir como um momento de reflexão para a sociedade sobre qual rumo que o país quer como futuro”, ressaltou.

“Minha candidatura no PCdoB tem origem na ideia de que preciso fazer das eleições um espaço para a construção de saídas para a crise no Brasil o que se desenha é uma eleição que piora a crise e não de apontamento do que o Brasil quer seguir”.

Retomada do crescimento econômico

“O Brasil precisa de um projeto nacional que retome o desenvolvimento econômico com instrumentos rápidos”, defendeu a pré-candidata. Para ela, o país precisa usar os instrumentos da política macroeconômica para garantir a retomada do crescimento econômico.

“É preciso que o Brasil retome essa capacidade, por exemplo, a alteração da taxa de juros e do câmbio, o Brasil precisa usar os instrumentos da política macroeconômica para garantir a retomada do crescimento da economia. Os juros e o câmbio, no Brasil hoje, não servem a indústria nacional. A alteração que foi feita no BNDES, com a TJLP, não serve para inovação no Brasil. Eu trabalho com a ideia de que o Brasil possa retomar o crescimento da sua economia com essas medidas.”

“Nós somos um país com uma herança da escravidão avassaladora, com desigualdade entre homens e mulheres, país que envelhece e quer tratar a velhice com a Reforma da Previdência”, avalia.

Em seu programa de governo, Manuela explica que trabalha a ideia de uma reforma tributária que desonere o consumo e que tribute, por exemplo, renda. “Na minha ideia de país, o imposto sobre grandes fortunas, por exemplo, pode servir para criar um fundo nacional de segurança pública. A gente pode taxar grandes fortunas e garantir que o povo brasileiro viva em paz. Acredito que é uma boa troca”, pontua a pré-candidata.

Unidade da esquerda

Para explicar a unidade da esquerda na atual conjuntura, Manuela fez uma comparação com a Copa de 1994 em que o Brasil foi campeão. Ela explica que havia dois grandes nomes no time brasileiro, Romário e Bebeto. Mas, o gol decisivo que levou o Brasil para a final, foi marcado pelo jogador da seleção chamado Branco. “O que quero dizer é que precisamos escalar um time inteiro [nas eleições de 2018]. Não tenho pretensão de ser o Romário ou o Bebeto, mas sei que quem deu a taça para o Brasil naquela ocasião foi o Branco. Temos que fazer essa reflexão, temos um time escalado com grandes craques e cada um de nós tem um olhar sobre o Brasil e tem pontos que nos unem. Esses pontos estão sendo construídos pelas nossas Fundações com o programa mínimo de desenvolvimento nacional”.

Pré-candidatura de Luciana Santos ao Senado

Questionada sobre a relação do PCdoB com o PSB, Manuela respondeu que é “um vínculo sólido de diálogo entre parceiros antigos e não possui cobranças”. A parlamentar também falou sobre o desejo de lançar Luciana Santos ao Senado na chapa do PSB. “Sabemos que Luciana representa esse Pernambuco do desenvolvimento, da inovação e cultura. Ela representa a mulher nordestina. Estamos trabalhando para tornar realidade [o lançamento de Luciana na chapa do PSB]”, concluiu Manuela D’Ávila.

Confira sua participação na Rádio Jornal no programa Super Manhã:

Abaixo a participação na TVJC:

A agenda da pré-candidata inclui ainda entrevista à Rádio CBN Pernambuco, reunião com o governador do estado, Paulo Câmara e á noite uma grande plenária com a militância comunista.