Cresce oposição à privatização da Eletrobras
A privatização da Eletrobras foi condenada por 56% dos brasileiros na pesquisa feita pelo PoderData, realizada de 27 a 29 de março de 2022. A taxa dos que são contrários à privatização da maior companhia de energia elétrica da América Latina cresceu 7 pontos desde março de 2021, quando a pergunta foi feita pela 1ª vez pelo instituto.
Apenas 29% disseram ser favoráveis à venda da estatal, contra 31% na pesquisa anterior. Não souberam responder 15% dos entrevistados.
O governo Bolsonaro, na contramão do mundo, decidiu entregar a Eletrobras para a iniciativa privada e aguarda análise final do Tribunal de Contas da União (TCU) para dar continuidade ao criminoso processo de doação de um dos maiores patrimônios do povo brasileiro.
“Países que têm essa matriz hidroelétrica não privatizaram. Canadá, Estados Unidos, Suécia, Noruega, China, Índia, nenhum desses países têm a maioria do seu setor elétrico na mão privada, pelo contrário”, afirma o especialista Roberto Pereira D’Araújo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), em entrevista ao HP.
Citando o site Statista, que publicou dados sobre as grandes empresas, “as mais valoradas”, Roberto D’Araújo destacou que a décima colocada é a inglesa National Grid, “uma empresa que só tem transmissão, não tem nenhuma usina e vale US$ 44 bilhões”.
“Se uma empresa que só tem transmissão – e muito menos transmissão do que a Eletrobras – e não tem nenhuma usina vale 44 bilhões de dólares, como é que a Eletrobras vai valer 10 bilhões de dólares?”, questionou o engenheiro eletricista. “É doar de graça uma empresa com um potencial impressionante”.
Para o Conselho Federal de Economia (Cofecon), “a eventual privatização da Eletrobras provocaria profunda desorganização do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), com repercussões negativas para toda sociedade brasileira”.
De acordo com a entidade, no curto e no médio prazo o prejuízo para a população começaria “por uma explosão tarifária, provocada pela mudança do regime de concessões das usinas renovadas pela Lei nº 12.783, que hoje operam no regime de ‘Cotas’ e fornecem energia a preço de custo para a população”. Em manifesto, a entidade dos engenheiros afirma que “ao impor um novo aumento das tarifas de energia elétrica, a medida reduz a renda disponível das famílias para o consumo dos demais produtos, em um cenário em que a renda das famílias já vem pressionada pelas recentes elevações nos preços dos alimentos e dos combustíveis, também afetados pela alta dos preços da eletricidade. O encarecimento da energia também impacta diretamente os custos do setor de serviços e de setores industriais, especialmente dos intensivos no consumo de energia elétrica em seus processos produtivos”.
O PoderData também apontou o perfil dos entrevistados por região e por renda.
Por região, são contra os que moram no Norte (61%), seguido por Nordeste (60%), Sudeste (57% são contra), Centro-Oeste (55%) e Sul (43%). Entre os entrevistados que são os mais favoráveis à privatização da estatal ficaram na Região Sul (39%).
Por renda familiar, 57% dos que têm renda familiar de até 2 salários mínimos e 58% dos que recebem de 2 a 5 salários mínimos são contra a privatização da estatal. Entre os que têm renda familiar acima de 5 salários mínimos, 49% são contra à venda, enquanto 37% são favoráveis.
Dentre os que avaliam Bolsonaro como “ruim ou péssimo”, 70% são contra a venda da Eletrobras e apenas 17% a favor. Dos que consideram Bolsonaro regular, 54% são contra a entrega da estatal e entre aqueles que apoiam o “mito”, 55% são favoráveis, 34% contra e 11% não sabem.
O PoderData questionou 3.000 pessoas com 16 anos de idade ou mais, em 275 municípios nas 27 unidades da Federação, se eles são a favor ou contra a venda da Eletrobras, a empresa do governo que cuida a energia.