No momento em que as empresas mais precisam de crédito, o volume de empréstimos para pessoa jurídica caiu em junho pelo terceiro mês consecutivo. A informação foi divulgada na quarta-feira pelo Banco Central (BC).
De acordo com os dados, os bancos emprestaram R$ 322 bilhões em junho, o que corresponde a um aumento de 2,5% sobre maio. Para as empresas, no entanto, o volume de crédito recuou -2,4% – mostrando que as medidas do governo para aumentar a liquidez do sistema financeiro durante a pandemia não resolve o problema. A alta no valor de empréstimos concedidos foi puxada pelo crédito para pessoa física, que cresceu 10,4% em junho sobre maio.
A liberação das linhas de crédito mais importantes para que os empresários consigam passar pela crise, como empréstimos para capital de giro, foram também as mais sabotadas pelos bancos. Na linha de curto prazo, houve queda de -25,2% nas concessões apenas de um mês para o outro, justamente no momento em que a flexibilização das medidas de restrição possibilitariam que boa parte das atividades fossem retomadas.
Para as famílias, o grosso do crédito liberado foi aquele destinado para o consumo, como cartão de crédito e cheque especial – ambos com taxas de juros exorbitantes, na casa dos 300%.
Desde o início da pandemia, as micro e pequenas empresas foram as mais afetadas pela negativa dos bancos em conceder crédito.
A situação do setor é também um grande problema para a recuperação da economia do país, já que são responsáveis por 27% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, além de 54% dos empregos com carteira assinada.
O Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e de Pequeno Porte) não teve grande efeito. De acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a falta de crédito foi apontada por empresário como entrave para qualquer impulso de recuperação – especialmente para empresas do segmento de comércio e serviços.
“A falta de crédito continua sendo o principal problema para a retomada”, diz o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
De acordo com o Sebrae, 82% dos pequenos empresários que recorreram a instituições bancárias ou programas de crédito do governo para sobreviverem durante a pandemia, tiveram o acesso negado.