O líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia aprovou, na terça-feira (3), a quebra de sigilo bancário, fiscal, telemático e telefônico do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara, que foi citado como articulador do esquema de corrupção na compra da Covaxin.

A quebra de sigilo acontece antes do depoimento de Ricardo Barros à CPI, que ainda não tem data marcada.

Ele está sendo investigado pela CPI por ter sido citado como pivô do esquema de corrupção deflagrado pelas investigações.

O deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, que é servidor concursado do Ministério da Saúde, afirmaram que ouviram diretamente de Jair Bolsonaro dizer que Ricardo Barros era o responsável pelo esquema.

A informação foi confirmada durante o depoimento à CPI da Pandemia.

Até hoje, Jair Bolsonaro não nega que citou o líder de seu governo como parte de um esquema corrupto, quando se reuniu com os irmãos Miranda.

Segundo o relato do deputado e do servidor, Jair Bolsonaro disse que “isso é coisa do Ricardo Barros” depois de ter visto que a empresa Global Saúde estava envolvida.

Na gestão de Ricardo Barros no Ministério da Saúde, entre 2016 e 2018, foi assinado um contrato de compra de preservativos com a Global. O pagamento aconteceu, mas os produtos nunca chegaram ao Ministério, dando um prejuízo de R$ 20 milhões.

Apesar do histórico, a empresa irmã da Global Saúde, a Precisa Medicamentos, foi contratada como atravessadora na compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, em um contrato de R$ 1,6 bilhão.

A Precisa Medicamentos fraudou documentos e tentou exigir do Ministério da Saúde, através de invoices (que são notas fiscais internacionais), pagamento adiantado e para uma empresa que não era citada no contrato, sediada em um paraíso fiscal.

Além destes, a Precisa falsificou documentos exigidos pelo Ministério da Saúde para a contratação, que teoricamente eram assinados pela Bharat Biotech, farmacêutica que desenvolveu a Covaxin.

A Bharat Biotech confirmou que os documentos foram falsificados e cancelou o contrato com a Precisa.

Só então o Ministério da Saúde rompeu o contrato.