CPI da Covid-19: escândalo na compra da vacina Covaxin
A CPI da Covid-19, instalada no Senado, já tem fortes indícios de que os crimes cometidos pelo governo Bolsonaro na pandemia não se limitaram ao negacionismo e à sabotagem à aquisição de vacinas, mas também envolveram corrupção passiva e ativa.
“Eu já estou convencido que não era só o negacionismo da ciência, tinha dinheiro na história, tinha acumpliciamento dos agentes públicos e privados”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues, em relação ao contrato para a compra da vacina indiana Covaxin.
Os relatos feitos pelo chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde, Luiz Ricardo Fernandes Miranda, em depoimento à procuradora Luciana Loureiro de Oliveira, em março deste ano, informaram ao Ministério Público Federal que houve pressões de seus superiores para “acelerar” as tramitações para viabilizar a assinatura do contrato com a empresa privada “Precisa”, representante da Bharat Biotech no Brasil.
A vacina Covaxin era a mais cara de todas as vacinas que estavam sendo oferecidas ao Brasil à época, como podemos ver no quadro abaixo.
Agora surge a informação de que o preço inicial estimado da vacina era de US$ 1,34 a dose e que o preço final cobrado pela empresa indiana ao governo brasileiro no contrato da Covaxin assinado foi de US$ 15 por unidade, ou cerca de R$ 80 a dose pelo câmbio atual.
Os fatos demonstram que o governo trabalhou intensamente, inclusive, com um telefonema de Bolsonaro ao Primeiro Ministro da Índia, por uma vacina que custou 1.000% a mais em relação ao preço estimado inicialmente.
A Precisa, empresa intermediária, procurou justificar o sobrepreço cobrado no contrato com o governo brasileiro afirmando que no início do processo não dava para avaliar o preço final. “Em agosto, quando a vacina estava na fase 2 de testes clínicos, não havia ainda como dimensionar o preço final”, argumentou empresa.
“Em janeiro, a Bharat Biotech comercializou a vacina internamente, para o governo indiano, praticando um valor menor do que o comercializado para fora da Índia. Isso porque o país é codesenvolvedor da vacina e disponibilizou recursos para auxiliar no seu desenvolvimento”, seguiu explicando o dono da empresa intermediária.