Covid: vacinas utilizadas no Brasil superam efetividade registrada
As vacinas contra Covid-19 aplicadas no Brasil: a AstraZeneca, CoronaVac, Janssen e Pfizer, apresentaram taxa de efetividade superior quando aplicadas na população geral do que na fase de testes clínicos, segundo demonstrou o primeiro boletim do Projeto Vigivac, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A efetividade variou entre 83% e 99% para casos graves e óbitos.
“Os resultados apontam que todas as vacinas estão conferindo grande redução do risco de infecção, internações e óbito por Covid-19 para a população brasileira. Para a população abaixo de 60 anos, todas as vacinas analisadas apresentaram proteção acima de 85% contra risco de hospitalização e acima de 89% para risco de óbito por Covid-19”, aponta o estudo Vigivac.
O estudo do Projeto Vigivac avaliou dados de vacinação de 150 milhões de pessoas que receberam a vacina até outubro. A Fiocruz observou as infecções sintomáticas, internações hospitalares e mortes pela doença.
Para essa análise, a fundação utilizou informações do banco de dados da Campanha Nacional de Vacinação, Notificações de Síndromes Gripais (e-SUS Notifica) e Notificações de SRAG Síndrome Respiratória Aguda Grave (SIVEP-Gripe).
Coronavac
Principal alvo dos bolsonaristas anti-vacina, o imunizante CoronaVac apresentou, na prática, índices próximos ao das demais vacinas usadas no país. Em quase todas as faixas etárias, ela apresentou resultados melhores até que aqueles vistos na fase de testes em voluntários.
Os autores do estudo ponderam ainda que a redução na imunização da CoronaVac neste público pode ser explicada pelo fato dela ser a única utilizada nos idosos e pelo tempo desde a vacinação no segmento. Enquanto que o imunizante da Pfizer, por exemplo, foi aplicado num público mais jovem, o que reduz o nível de comparação.
“Os resultados concordam com a análise realizada em agosto deste ano, quando apontamos uma redução da efetividade nos idosos, mais acentuada para CoronaVac. Isso pode ser explicado por diversos fatores, mas principalmente pelo maior tempo de seguimento, maior tempo desde a última vacinação e pela maior vulnerabilidade deste grupo. Dessa forma, ao contrário da Pfizer, a CoronaVac tem a sua efetividade prejudicada pelo momento e perfil da população vacinada”, apontam os pesquisadores da Fiocruz..
No caso de óbitos, essa taxa variou de 69% a 95% entre faixas etárias, com redução à medida que a idade do imunizado era maior. Em sua apresentação, a CoronaVac apontou uma eficácia de 78% para internações (em uma média de todas as idades), por exemplo; na vida real, porém, apenas idosos acima de 70 anos tiveram uma proteção menor que a aferida nos testes.
Astrazeneca
O índice de efetividade da AstraZeneca para internações variou de 87% a 98% de acordo com a faixa etária, indicou o Vigivac. Em relação à proteção contra óbito, a efetividade chegou a 99% para a população de 18 a 59 anos.
Em novembro de 2020, a farmacêutica afirmou que a eficácia do imunizante variava de 62% a 90%, dependendo da dosagem aplicada, com base nos resultados preliminares dos testes realizados no Brasil e no Reino Unido.
Pfizer
A vacina da Pfizer havia apresentado eficácia de 90% na prevenção da Covid-19 na 1ª análise da 3ª e última fase de testes do imunizante. Já nos resultados do boletim do Vigivac, o índice de proteção chegou a 99% entre pessoas com 30 e 59 anos.
Nas faixas etárias de 18 a 29 anos e de 70 a 79 anos, o índice foi de 98%. A população com mais de 80 anos não foi levada em conta na pesquisa porque eles foram imunizados antes da Pfizer chegar ao Brasil.
Janssen
No caso da Janssen, apenas algumas faixas etárias foram avaliadas, uma vez que a vacina chegou no Brasil apenas em junho. O Vigivac mostrou que a efetividade do imunizante variou de 88% e 93% para internações e de 84% a 94% para mortes.
Um relatório divulgado pela Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, em fevereiro, indicou que a vacina teve eficácia média de 66% depois de 28 dias da aplicação.