Líderes solidários com Cuba nos EUA buscam enviar 6 milhões de seringas para Ilha

O Movimento de Solidariedade a Cuba nos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (20) os primeiros êxitos da campanha de seis milhões de seringas de injeção para combater o coronavírus, ao mesmo tempo em que fez uma conclamação pela eliminação imediata do criminoso bloqueio. Até o momento, cerca de dois milhões de seringas já chegaram ao país.

Durante uma conferência de imprensa na embaixada de Cuba, em Washington, representantes do Movimento defenderam a paz, a solidariedade e o amor, especialmente neste momento de recrudescimento do cerco, no contexto da Covid-19, em que se agrava o seu caráter de lesa-Humanidade.

Primeiro país latino-americano a desenvolver com êxito uma vacina contra o coronavírus, Cuba ficou impossibilitada de ministrar milhões de doses devido ao bloqueio impossibilitar a compra de seringas. Vale ressaltar que a aplicação de duas doses da vacina Soberana 02, combinada com uma da Soberana Plus, alcançou uma eficácia de 91,2% para prevenir a doença sintomática causada pelo coronavírus. A Soberana 02 alcançou ainda eficácia de 75,5% contra a infecção pelo coronavírus, e 100% para sintomas severos da doença e morte.

Frisando a necessidade da unidade de ambos os povos e reiterando a relevância da urgência de uma resposta contundente, estadunidenses de todos os lugares do país contribuíram com mais de meio milhão de dólares.

A ativista Medea Benjamín assinalou que o grupo continuará recolhendo dinheiro não apenas para seringas, como para medicamentos e suprimentos, incluindo antibióticos, analgésicos, vitaminas e outros paliativos para pessoas com hipertensão, câncer e diabetes, como demonstração da força do movimento estadunidense de solidariedade com o povo cubano.

Fim do bloqueio

Medea recordou o apoio recebido dos cubano-americanos devido ao trabalho desenvolvido pelo professor Carlos Lazo e seu projeto “Pontes de Amor”, que realiza durante estes dias uma caminhada sem precedentes de dois mil quilômetros reivindicando do presidente Joe Biden o fim do bloqueio e das sanções, em especial a suspensão das 243 recentes restrições impostas por Trump na cruel tentativa de asfixiar a Ilha.

Ao mesmo tempo em que denunciou os impactos causados no cotidiano da maior Ilha das Antilhas, Medea tem destacado nos diferentes meios de comunicação internacional a abnegação, o empenho e o compromisso das equipes médicas cubanas ao redor do mundo, salvando milhões de vidas. Ela recordou que quando iam de automóvel fazendo a apresentação da campanha alguém os parou, tirou de seu bolso 20 dólares e declarou que a contribuição era em reconhecimento à doação dos cubanos. “É uma campanha em que ajudaram pessoas com recursos limitados, porém com uma grande vontade de ajudar”, enfatizou.

Cubano residente nos EUA, Félix Sharpe-Caballero sublinhou não só a necessidade de ambos os povos, como a vontade da maioria dos nacionais que vivem no exterior de apoiar ao seu país.

Campanhas por medicamentos

A compra e o envio dos medicamentos foram organizados pela organização humanitária da área médica Global Health Partners.

Entre os grupos que arrecadaram fundos estão a Campanha #SavingLives (coalização de dezenas de organizações opostas ao bloqueio), a Democratic Socialists of America (DSA) e dois grupos conformados por cubano-americanos: o Movimento Não ao Embargo a Cuba e Pontes de Amor.

Conforme apontaram as organizações, os dois países restabeleceram seus laços após o anúncio realizado pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro em dezembro de 2014, porém houve um retrocesso durante o mandato de

Donald Trump (2017-2021), que adotou medidas extremamente coercitivas ainda vigentes, levando a uma agudização ainda maior do bloqueio.

Recentemente, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) votou pela 29ª vez uma resolução pelo fim do bloqueio econômico imposto pelos EUA contra Cuba desde 1962. Novamente, a ampla maioria das nações votou pelo fim do embargo: 184 votos a favor, dois contrários (Estados Unidos e Israel) e três abstenções (Colômbia, Brasil e Ucrânia).

Nas palavras do ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, o bloqueio é uma violação massiva, flagrante e sistemática dos direitos humanos do povo o cubano, uma agressão que, segundo a Convenção de Genebra de 1948, “constitui um ato de genocídio”.