O aumento estrondoso nos casos e nas mortes causadas pelo coronavírus no Rio Grande do Sul está mostrando seus efeitos. Uma grande fila de pessoas em busca de certidões de óbitos foi formada na madrugada de domingo (14), na Cidade Baixa, em Porto Alegre.

O motivo da formação da fila é que o cartório da Central de Atendimento Funerário no bairro vizinho de Santana, que antes realizava cerca de 60 atendimentos aos sábados, tinha agora 148 solicitações, e teve que abrir outra unidade para conseguir atender a demanda.

A aglomeração, que chegou a resultar em discussões e até intervenção da guarda municipal, foi uma consequência do aumento nunca antes visto na procura dos atendimentos, além da burocracia natural para a emissão de documentos. Ainda de acordo com a central funerária, nos últimos dias eles estão atendendo mais de 100 pessoas por dia, com pico no sábado (13). A liberação dos corpos para sepultamento, cremação ou traslado, ocorreu sem contratempos.

A capital gaúcha vive um momento extremamente delicado no combate à covid-19. A ocupação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da cidade está acima de 100% há mais de 10 dias. De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) na quinta-feira (11), 187 pessoas aguardavam por um leito, tanto na rede pública quanto privada. Segundo dados da prefeitura, até o meio-dia do sábado, 266 pessoas aguardam por vagas em pronto atendimento e emergências.

A situação de Porto Alegre reflete a crise de todo Rio Grande do Sul, que há mais de duas semanas está em bandeira preta em todos os municípios. Até o último sábado (13) o Estado registra no total 14.885 mortos e 36.896 casos de covid-19. Além da falta de leitos, o governo estadual começa a ter problemas para garantir respiradores aos pacientes que precisam ser entubados. De acordo com o levantamento da Secretaria Estadual da Saúde (SES), a taxa de uso do equipamento é de 84,9%.

Embora no quadro geral ainda não exista a falta dos respiradores, a distribuição pelos municípios já deixa alguns pacientes sem o equipamento. Para tentar garantir o atendimento, governantes municipais buscam empréstimos em cidades vizinhas.
No domingo, a Secretaria Estadual de Saúde anunciou a compra e locação de equipamentos, que serão enviados para diversos municípios do Estado. De acordo com a secretaria, o material permitirá a abertura de 183 leitos adultos de UTI nos próximos 15 dias. O governo também conta com 10 respiradores doados pela empresa JBS e mais 50 anunciados pelo Ministério da Saúde na quinta-feira.

O Estado passou de 933 leitos para 2.214 em um ano. Mesmo assim, a velocidade de proliferação do coronavírus e a flexibilizações no isolamento desde novembro levaram o sistema de saúde ao limite.