O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM)

O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que vídeos das reuniões do Ministério da Saúde rejeitando vacinas da Covax Facility reforçam “o que a gente sempre falou da omissão do governo” de Jair Bolsonaro.

“Apareceu um vídeo de uma reunião em que o Brasil analisava a entrada ou não no consórcio da OMS, o Covax Facility, e o Brasil não quis aderir”, disse Omar, em entrevista à Globonews, na segunda-feira (26).

“Essa foi uma das razões que a gente sempre falou da omissão do governo, não ter aderido à possibilidade de ter 50% da sua população totalmente imunizada”, continuou.

Vídeos de reuniões interministeriais, divulgados pela revista Crusoé, que discutiram a Covax Facility mostram que o preço da dose era de US$ 10, e não US$ 40 como tinha falado o ex-ministro Eduardo Pazuello à CPI.

“O Brasil não quis aderir apesar da vacina ser mais barata, estava a US$ 10, mas preferiu comprar a US$ 15 da Índia uma vacina que não tinha comprovadamente nada”, afirmou Aziz, se referindo à Covaxin, cuja compra está repleta de irregularidades e indícios de corrupção.

Para o presidente da CPI, Eduardo Pazuello foi a pessoa que mais mentiu à Comissão. A versão fantasiosa do ex-ministro agora “está sendo desmentida por vídeos, por reuniões. Foi a pessoa que mais faltou com a verdade”.

Omar Aziz disse que o depoimento do ex-chefe da Secom, Fabio Wajngarten, ajudou bastante as investigações porque entregou as cartas da Pfizer oferecendo vacinas endereçadas a Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, ministros Braga Netto, da Casa Civil, Paulo Guedes, da Economia, e ao embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster.

“O Brasil não deu nenhuma importância para aquilo. E não foi [só] para uma pessoa [a carta], foi para várias pessoas”.

Omar Aziz também destacou o depoimento de Antonio Barra Torres, presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Ele confirmou o depoimento do Mandetta sobre a troca de bula da cloroquina. Nós chegamos em um momento de pessoas morrendo e alguém querer trocar a bula”.

“Chegamos, através dessas informações, que quem financiava a propaganda em jornais, em blogs e outros meios de comunicação era o proprietário que produzia ivermectina, ele que pagou os grandes jornais para dar publicidade”.

A farmacêutica Vitamedic, cuja venda de ivermectina durante a pandemia cresceu 1.230%, financiou o grupo Médicos pela Vida, que fazia “esse tipo de maldade com o povo brasileiro, a propagação de um medicamento não comprovado cientificamente”.

A Bharat Biotech, que desenvolveu a Covaxin, rompeu o contrato com a Precisa Medicamentos por ela ter fraudado documentos que o Ministério da Saúde pediu para a compra. Também tem irregularidades nas invoices (nota fiscal internacional), que pediam pagamento adiantado.

“A pressa era tão grande que enviaram invoice com erros que podiam ser detectados por qualquer um. Eles estavam com pressa de receber o pagamento em um paraíso fiscal”, avaliou Omar Aziz.

“E o pagamento só não aconteceu porque um servidor reportou o problema”. O servidor Luis Ricardo Miranda sofreu pressão de seus superiores para assinar a invoice, mas não o fez. Ele levou a denúncia até Jair Bolsonaro, que resolveu acobertar o esquema e não passou para a Polícia Federal investigar.