Jair Bolsonaro (sem partido)

Jair Bolsonaro é o maior “espalha-vírus” de que se tem notícia. Desde o começo da pandemia, ele defende – e promove – aglomerações dentro e fora do Palácio. Diz que quem quer se proteger do vírus é “maricas”, ataca sistematicamente o distanciamento social e não sabe nem como se deve usar adequadamente uma máscara. Todo esse seu empenho para facilitar a vida do coronavírus e de suas variantes não podia deixar de trazer alguns resultados.

Além da confusão que ele criou na população em geral, ocasionando mais de 12,7 milhões de infectados, com mais de 320 mil mortes, o número de infectados dentro do Planalto foi proporcionalmente bem maior que na sociedade.

Desde o começo da pandemia, em março de 2020, 460 servidores do Palácio do Planalto foram diagnosticados com coronavírus. O pico ocorreu em julho do ano passado, com 92 registros. No último mês, foram 30, quase o dobro de fevereiro, quando houve 16 casos. Os números foram informados pela Secretaria-Geral da Presidência, em resposta a um pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação.

Os 460 casos de Covid-19 em um universo de 3.500 pessoas, segundo os dados mais recentes, indicam que 13% dos servidores foram contaminados. A taxa é mais do que o dobro da média brasileira — o país já registrou 12,7 milhões de casos, em uma população de 212,8 milhões, segundo a projeção populacional do IBGE, ou seja, um índice de 6%.

Entre os órgãos que compõem a Presidência, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está à frente em número de registros: 191. No gabinete presidencial, foram 28.

Bolsonaro não se contentou em defender e praticar a tese genocida de estimular a população a se infectar. Ele também sabotou a vacinação.

Ele argumentou várias vezes que seria bom que todos se infectassem o mais rapidamente possível para, segundo ele, adquirir a tal “imunidade de rebanho”. Mas não foi só isso, o capitão cloroquina atacou todas as vacinas que estavam disponíveis, a começar pela CoronaVac, do Instituto Butantan, que ele chamava de “vacina chinesa”.

Depois ele implicou com a direção da Pfizer e sabotou a aprovação da vacina russa Sputnik V, que tem parceria com a empresa brasileira União Química.

Fez isso através de seu preposto na Anvisa, Antônio Barra Torres, que também é outro negacionista.

Torres participava ativamente, e sem máscara, das aglomerações promovidas por Bolsonaro. Até hoje a vacina Sputnik V não foi aprovada, apesar de já estar em uso em mais de quarenta países. O resultado disso é que apenas 10% da população brasileira recebeu até agora a primeira dose de vacina, e menos de 3% tomou as duas.

Enquanto o governo federal sabota a imunização, a população segue morrendo aos milhares. Não fosse a pressão do governador João Doria, de São Paulo e, até hoje, o funcionário que Bolsonaro nomeou para chefiar a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não teria aprovado nenhuma vacina contra a Covid-19. Bolsonaro está literalmente sentado em cima de R$ 20 bilhões, uma verba que foi aprovada pelo Congresso Nacional para comprar vacinas.

As crises no Ministério da Saúde são reveladoras de como Bolsonaro trabalhou a favor do vírus. Estamos no quarto ministro da Saúde em plena pandemia. Ele demitiu ministros pelo simples fato de defenderem a ciência e a medicina. Foram os casos de

Luiz Mandetta e Nelson Teich, que pregavam a adoção das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Bolsonaro humilhou a médica paulista Ludhmila Hajjar, apoiada por setores do parlamento brasileiro para assumir o cargo de ministra da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello. Ele ficou irritado porque ela defendeu que o governo declarasse uma verdadeira guerra contra o vírus. Essa era a condição para assumir a pasta.

Bolsonaro preferiu descartá-la para continuar com seu charlatanismo da cloroquina, seu combate ao distanciamento social e a sabotagem aberta à vacinação. Não foi por acaso que o governador do Maranhão, Flávio Dino, qualificou Bolsonaro como um grande amigo do coronavírus.

Alertado para os riscos de muitas mortes caso a população fosse amplamente infetada, como ele sempre defendeu, Bolsonaro respondeu “E daí? todo mundo morre um dia. Temos que seguir em frente”. Ou seja, esse triste número de mortes que o país está assistindo já era previsto tempos atrás.

O colapso dos hospitais também era motivo de alertas dos especialistas, mas, mesmo assim, Bolsonaro continuou com sua tese macabra de que todos deviam se infectar e que não precisava ter pressa com as vacinas.

Por isso, não é surpresa que as pesquisas de opinião tenham mostrado nas últimas semanas uma crescente elevação da reprovação ao papel desempenhado por Bolsonaro na pandemia