Enfermeiros ingleses protestam falta de equipamentos de proteção: "Não somos descartáveis”

Integrantes do Partido Conservador, no governo inglês, se apossaram de US$ 11 bi em contratos relacionados à pandemia

Em março, com o início da pandemia do Covid-19, autoridades em Londres distribuíram milhares de contratos, alguns deles sigilosos que beneficiavam uma “V.I.P Lane” (Faixa de Pessoas Muito Importantes), ou seja, foram para empresas distinguidas, com seus proprietários com conexões com o Partido Conservador do governo.

Tudo sugere “uma corrida desenfreada para a obtenção de contratos para fornecer equipamentos de proteção individual, testes para Covid-19, ventiladores, enfim todo aparato para conter o avanço da doença”, denuncia o o jornal The New Yok Times em artigo intitulado “Desperdício, negligência e clientelismo: por dentro do gasto pandêmico da Grã-Bretanha”

O jornal norte-americano fez uma análise desse gasto e concluiu que dos 1.200 contratos do governo central que foram tornados públicos e que juntos somavam US$ 22 bilhões, cerca de US $11 bilhões foram para empresas administradas por amigos e associados de políticos do Partido Conservador, no poder e do qual o premiê, Boris Johnson é membro.

Muitos destes contemplados, segundo o NYT, têm “histórico de corrupção e clientelismo”.

No relato, o NYT destaca que o integrante do Partido Conservador, Paul Deighton, bilionário, ex-banqueiro de investimentos, que tem assento na Câmara dos Lordes, em março, foi promovido a responsável do governo, para aquisição de equipamentos de proteção.

Nos oito meses que se seguiram, Deighton ajudou o governo a conceder bilhões de dólares em contratos para empresas nas quais ele nutria interesse financeiro e também mantinha conexões pessoais.

A deputada do opositor Partido Trabalhista, Meg Hillier, também presidente do Comitê de Contas Públicas, divulgou parecer no qual afirma que “o governo tinha licença para agir rápido porque era uma pandemia, não lhes demos permissão para agir rápido e levianamente com o dinheiro público”. Ela continua: “Estamos falando de bilhões de libras, e é certo que façamos perguntas sobre como esse dinheiro foi gasto”.

Assim sendo, alegando a urgência da pandemia, o governo deixou de lado as regras de transparência e fechou contratos no valor de bilhões de dólares sem as usuais licitações, não obstante, pouco mais da metade de todos os contratos autorizados durante estes meses continuam obscuros para a população, conforme o National Audit Office, agência fiscalizadora de Londres, citada pelo NYT.