Atendendo pressão norte-americana, a Corte de magistrados de Westminster, na Inglaterra, rejeitou nesta quarta-feira o pedido de liberdade condicional para o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, trancafiado em um presídio de segurança máxima de Londres por ter divulgado crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque.

Conforme a defesa do australiano comprovou, Assange encontra-se em um estado extremamente frágil, existindo risco de morte em caso de infecção pelo novo coronavírus no presídio de Belmarsh.

Alertando para as frequentes torturas psicológicas a que o ativista vem sendo submetido – entre elas a de ter acesso a uma única hora de luz por dia -, manifestantes têm ampliado a presença e a pressão em frente à Belmarsh.

A perseguição a Assange foi desatada desde a publicação de um vídeo no WikiLeaks em 2010, em que soldados norte-americanos excutam civis desarmados em Bagdá, a partir de um helicóptero. Entre os civis assassinados, um motorista e um fotógrafo da Reuters. Também foram informados documentos sigilosos com crimes de guerra, incluindo assassinatos e torturas, no Iraque e no Afeganistão. A animosidade contra o fundador do WikiLeaks levou Hillary Clinton, quando secretária de Estado de Obama, a sugerir em uma reunião: “Não podemos jogar um drone em cima dele?”

O pedido da libertação acontece no meio da segunda fase do julgamento do pedido de extradição feito pelos Estados Unidos, que está marcado para acontecer em maio, e foi feito após o governo inglês indicar a possibilidade de soltar presos de baixa periculosidade para reduzir o contágio em locais de detenção.

Em relação ao ativista, a juíza afirmou não existir razão para duvidar da eficácia das medidas adotadas pelo presídio para combater a propagação do Covid-19, e que o ativista não é o único preso vulnerável.

O promotor Clair Dobbin, em representação feita pela Justiça dos EUA, argumentou que por haver “risco de fuga”, não seria apropriado aceitar o pedido de libertação.

Assange, teve prisão decretada há dez anos na Inglaterra a pedido da Suécia, sob a falsa acusação de “crime sexual” – já arquivado -, passou a última década confinado, inicialmente na embaixada do Equador em Londres, onde ficou abrigado até o governo de Lenin Moreno retirar o seu status de refugiado, em 2019.