Correios: “prejuízo aos brasileiros”, denuncia Marina Silva
A ex-senadora e presidente da Rede, Marina Silva, é mais uma entre entidades, lideranças da sociedade civil e parlamentares que repudiou a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei de autoria do governo Bolsonaro que permite a privatização dos Correios.
Segundo Marina Silva, o caminho agora é pressionar o Senado para barrar a medida. “Podemos pressionar o Senado para que não aprove esse desserviço a áreas de difícil acesso das grandes cidades e do interior do país”, escreveu a ex-senadora em seu Twitter.
Para Marina, “com a aprovação da privatização dos Correios, a visão neoliberal de economia de Bolsonaro vai trazer mais um prejuízo aos brasileiros”.
O PL 591/21, que autoriza que a iniciativa privada possa explorar serviços postais, inclusive os oferecidos pela atual Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), que abre caminho para a venda total dos Correios, foi aprovado na Câmara com 286 votos favoráveis e 173 contra, e será apreciado pelo Senado.
A pressão sobre o Senado para que não aprove a matéria também vem sendo defendida pelas entidades de trabalhadores dos Correios, centrais sindicais e lideranças políticas, que questionam a constitucionalidade da desestatização ser tratada por meio de projeto de lei, já que a prestação direta de serviços postais está prevista na Constituição Federal.
As lideranças sindicais e políticas também questionam o afã do Governo Federal em querer entregar à iniciativa privada uma estatal lucrativa e eficiente, com mais de 300 anos de serviços prestados à população brasileira, ainda mais sem o necessário debate democrático que uma matéria dessa importância suscita.
Como afirmou a Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP) logo após a aprovação do PL na Câmara: “a forma como tramitou o PL-591/2021 é uma vergonha para nossa democracia. Sem informações adequadas, sem discussões, sem contraditório, enfim, num estilo de ‘passar a boiada’ que faria corar qualquer democrata”.
Os que repudiam a privatização dos Correios também defendem que a estatal é a única empresa do ramo que atende aos 5.570 municípios brasileiros, com lucro de R$ 1,5 bilhão por ano e ainda repassando em média 70% do seu lucro à União.