Correios pedem no STF que direito conquistado em acordo seja mantido

Entidades representativas dos trabalhadores dos Correios protocolaram mais uma medida de urgência no Supremo Tribunal Federal (STF), cobrando análise sobre decisão do ministro Dias Toffoli, que determinou a suspensão do custeio do plano de saúde dos funcionários.
As entidades denunciam que esperam a análise do recurso desde novembro de 2019. “Caso tudo fique como está, são grandes as chances de os empregados dos Correios perderem a maior parte de seus direitos historicamente conquistados”, afirma a Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap), que reúne cerca de cerca de 10 mil associados.
A associação alega que não há amparo jurídico na liminar pedida pelos Correios ao STF e concedida pelo ministro Dias Toffoli, que derrubou decisão do Tribunal Superior do Trabalho de que os Correios arcariam com 70% do plano de saúde e os 30% restantes seriam pagos pelos trabalhadores.
Com a liminar, a ECT aumentou o valor do custeio do plano de saúde para os funcionários, que agora pagam 50% do plano e metade do valor das consultas e exames.
“Isso proporcionou até o momento o desligamento de mais de 15 mil trabalhadores, totalizando a falta de cobertura para mais de 50 mil pessoas que abarrotam o SUS”, diz a associação.
Segundo a Adcap, “o cenário tende a piorar com o avanço do coronavírus no país, principalmente quando tratamos de categoria de trabalhadores que está na linha de frente na pandemia, exercendo importantes funções (até mesmo entrega de medicamentos) e que colabora com o desenvolvimento da economia. Cabe lembrar que o segmento do e-commerce [vendas pela internet] cresceu 25% nos últimos meses”.
A associação denuncia ainda que, recentemente, a direção dos Correios propôs redução de cerca de 70 cláusulas de direitos dos seus empregados.
O deputado federal Orlando Silva, defensor da reivindicação da categoria e que vem arregimentando forças para derrubar a medida em Brasília, explicou que, em decisão monocrática, o ministro Dias Toffoli revisou uma conquista histórica da categoria, de divisão proporcional das despesas de saúde entre trabalhadores e o empregador, obtida no último Dissídio Coletivo e homologada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). “Eles não aguentam, não têm salário para sustentar isso”, afirmou o deputado em uma live no sábado (19), onde denunciou a situação dos trabalhadores dos Correios junto a outros parlamentares.