Um amplo estudo das vacinas contra a Covid-19 da CoronaVac e da AstraZeneca no Brasil mostrou que os imunizantes têm taxas de efetividade acima de 70% e 80%, respectivamente, na prevenção contra casos graves, hospitalizações e mortes em decorrência da doença.

O estudo é de autoria de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da London School of Hygiene & Tropical Medicine e da Fiocruz. O trabalho foi publicado, na última quinta-feira (26), no medRxiv, plataforma que disponibiliza pesquisas ligadas à saúde e que ainda se encontram em processo de revisão.

Para estimar a efetividade das vacinas, os pesquisadores realizaram um levantamento considerando dados de 60,5 milhões de brasileiros vacinados entre janeiro e junho com as respectivas vacinas.

Segundo o estudo, 26,8 milhões de pessoas (44,4% do total) tinham 60 anos ou mais. O levantamento destaca uma redução de hospitalizações, admissões em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e mortes especificamente para esta faixa etária.

 

Para estimar os índices de efetividade das vacinas, os pesquisadores compararam as informações dos vacinados com dados hospitalares nacionais, obtidos no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe). O sistema reúne os casos notificados de hospitalizações e mortes provocadas por vírus respiratórios, como o novo coronavírus e o vírus influenza, causador da gripe comum.

Considerando indivíduos de todas as faixas etárias com esquema de vacinação completo, que receberam as duas doses CoronaVac, 54,2% apresentaram risco menor de infecção pelo coronavírus. As taxas de efetividade da vacina produzida pelo Instituto Butantan ficaram acima de 70% para a prevenção de casos graves e óbitos. A redução do risco de hospitalização foi de 72,6%, o risco de admissão em UTI foi 74,2% menor e para a prevenção de mortes chegou a 74%.

Para os indivíduos que receberam apenas a primeira dose houve uma redução de cerca de 50% no risco de infecção. O risco de hospitalização foi 26,5% menor, em relação à admissão em UTI a redução foi de 28,1%, e para o risco de óbito a taxa foi de 29,4% menor.

Já a vacina da AstraZeneca apresentou taxas de efetividade contra casos graves e mortes acima de 80%, considerando pessoas de todas as idades. Para os imunizados com as duas doses, houve reduções nos riscos de infecção (70%), internação (86,8%), admissão em UTI (88,1%) e morte (90,2%).

As pessoas que receberam apenas a primeira dose apresentaram reduções mais baixas nos riscos de infecção (32,7%), de hospitalização (cerca de 50%), de admissão em UTI (53,6%) e de óbito (49,3%). Por isso, os especialistas afirmam que a imunização completa só acontece após o recebimento das duas doses dos imunizantes com esse esquema vacinal, com a CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer.

A vacina CoronaVac é produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, de São Paulo, já a vacina da AstraZeneca é desenvolvida no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Os estudos de efetividade são considerados de “vida real” pelos especialistas do campo da imunidade, pois refletem os resultados da vacinação na prática em grandes populações. Já os ensaios de eficácia são aqueles conduzidos em ambientes controlados, durante o desenvolvimento das vacinas.

 

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Idosos

Os resultados do estudo mostram que para as pessoas com idades entre 60 e 89 anos, imunizadas com as duas doses tanto da CoronaVac quanto da AstraZeneca, as vacinas foram capazes de prevenir a infecção pelo novo coronavírus e altamente eficazes contra o desenvolvimento de casos graves com hospitalização, admissão na UTI e morte.

Os pesquisadores dividiram a análise por idade e descobriram que o esquema de vacinação completa, considerando o recebimento de duas doses, apresentou uma efetividade semelhante para ambas as vacinas e em todas as faixas etárias, com exceção de indivíduos com 90 anos ou mais.

Em relação à CoronaVac, para a população acima de 60 anos, as taxas de efetividade ficaram acima de 70%, considerando a redução no risco de hospitalização (84,2%), admissão em UTI (80,8%) e óbitos (76,5%). Enquanto a faixa etária de 60 a 89 anos mostrou índices semelhantes, para os indivíduos com 90 anos ou mais as taxas foram menores para hospitalização (32,7%), admissão em UTI (37,2%) e mortes (35,4%).

Para a vacina da AstraZeneca, os índices gerais de efetividade ficaram acima de 90%, avaliando a redução no risco de hospitalização (94,2%), admissão em UTI (95,5%) e morte pela doença (93,3%). Também foram considerados imunizados com duas doses, com 60 anos ou mais. Na faixa de pessoas com 90 anos ou mais, os percentuais caíram para 54,9%, 39,7% e 70,5%, respectivamente.

O resultado mostra como as vacinas são seguras e funcionam. Mesmo ainda necessitando de revisão por pares, a conclusão dos pesquisadores é que ambas as vacinas demonstraram eficácia geral contra casos graves de Covid-19 na faixa etária entre os 60 e os 89 anos.