Líder Kim Jong Un preside reunião de planificação emergencial com medidas de combate à Covid-19 no país

A Coreia Popular pôs em execução um plano emergencial contra a Covid-19, após o país, que havia conseguido atravessar incólume os dois primeiros anos da pandemia global graças às medidas adotadas, ser atingido por novas variantes, possivelmente a Omicron BA.2.

Do primeiro caso confirmado a 1 milhão de contágios [“febre”], transcorreu menos de uma semana, segundo as agências de notícias.

O total de casos de febre relatados em todo o país desde o final de abril até as 18 h do 20 de maio supera 2.460.640 e, deles, foram recuperados mais de 1.768.080 e estão sob tratamento mais de 692.480.

O número de mortos até agora foi de 66.

Mais de 1,2 milhão já estão recuperados e são cerca de 740 mil sob tratamento, registrou Pyongyang. Em 24 horas (referente ao dia 17), foram relatados em escala nacional mais de 262.270 novos casos e 1 morte.

No sábado (14), o chefe de Estado Kim Jong Un classificou de “grande desastre” o surto de Covid-19 que se espalha rapidamente. “A propagação dessa epidemia maligna é [o maior] distúrbio a afetar nosso país desde sua fundação”, disse ele à agência de notícias oficial ACNC.

Foi decretada “emergência máxima” após discussão do bureau político do Partido do Trabalho, o que inclui quarentenas, restrições de aglomerações em locais de trabalho e instalação de centros de distribuição de medicamentos e de isolamento. O corpo médico do exército norte-coreano foi convocado para esse esforço.

“De acordo com as medidas tomadas pelo Partido e o governo, todas as províncias, cidades e condados foram bloqueados desde a manhã de 12 de maio e isolados por unidades de trabalho, produção e residência e é feita a checagem médica intensiva sobre todos os habitantes do país”, registrou a agência oficial de notícias ACNC.

De acordo com o Asia Times, o marco zero do contágio é a capital, Pyongyang. A Coreia Popular tem a especificidade de não ter realizado uma campanha de vacinação contra a Covid-19.

Como parte dessa emergência, apontou a ACNC, “as unidades de pesquisa científica estão comprometidas em monitorar as rotas de proliferação da pandemia e a causa de seu surto e complementar incessantemente as orientações de tratamento, como o período racional de isolamento dos febris e o padrão para sua liberação”.

Mesmo sob confinamento por regiões e unidades, “diferentes setores da economia nacional foram instados a sustentar e até aumentar a produção”, imprescindível para manter o país alimentado, abastecido e protegido, nas duras condições das sanções norte-americanas.

A Coreia Popular tem também a particularidade de ser um dos países mais sancionados do mundo, o que sem dúvida traz dificuldades adicionais no que tange a insumos e equipamentos médicos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou sua prontidão em ajudar no enfrentamento da pandemia na Coreia Popular. “A OMS está preocupada e pronta para apoiar o governo e o povo da Coreia do Norte para responder à pandemia e salvar vidas”, disse Poonam Khetrapal Singh, diretor regional da OMS para o Sudeste Asiático.

O portal Toyo Keizai, citando especialistas internacionais em saúde pública, assinalou que os dados da Coreia do Norte sobre o surto devem ser analisados com alguma cautela, pois “a capacidade de testar Covid-19 dos norte-coreanos é muito limitada”, com os relatórios oficiais referindo-se apenas a surtos de “febre”, que são casos suspeitos do vírus. “Não podemos dizer que está confirmado”, disse.

Sobre a questão da vacinação, o Dr. Nagi Shafik, especialista egípcio em saúde pública que trabalhou extensivamente na Coreia do Norte nas últimas duas décadas para a Organização Mundial da Saúde e UNICEF, disse ao Toyo Keizai em

entrevista desde o Cairo que a Coreia Popular tem “um longo histórico de programas de vacinação e um sistema bastante eficaz, embora de baixa tecnologia, para a aplicação de imunizações”.

Ele relatou sua própria experiência lá, em que ajudou a gerenciar a resposta a um surto de sarampo em 2006, quando, com assistência internacional, “milhões foram vacinados em pouco tempo”. O que poderia ser repetido com a ajuda da OMS e do UNICEF. A população norte-coreana é de 26 milhões. De acordo com um relatório recente do UNICEF, a Coreia do Norte possui um sistema de gerenciamento de “cadeia fria” em funcionamento que pode entregar vacinas em caminhões refrigerados e mantê-los suficientemente refrigerados em clínicas e hospitais.