Copa 2018,“Pessimistas de todo o Brasil, Uni-vos!”, por Luciana Santos
Daqui a pouco, ao meio dia desta quinta-feira (14), acontecerá a cerimônia de abertura da Copa 2018. É de surpreender, no entanto, que o “país do futebol” esteja mergulhado em tamanha apatia. Às vésperas desse evento, que junto com o Carnaval e o São João, é um dos períodos de maior festa e celebração da inata alegria dos brasileiros nos vemos imersos numa epidemia de desânimo.
Ao contrário de anos anteriores, não se vê massivamente nas ruas o tradicional verde e amarelo, ancorado em bandeirinhas, pinturas, fitilhos. Pior, não se vê no rosto da nossa gente o sorriso esperançoso, a ansiedade da torcida, a fé na conquista de mais um campeonato.
Observando esse panorama lembrei-me de uma carta de Henfil de 1980. “O atual sistema, para governar, nos fez pessimistas. E pessimista não dorme, não faz amor, não faz partidos, não incomoda, não reclama, não briga. Que diabo de país é este?”. Creio que se aplica, não? Apesar da conjuntura pós-golpe e do Governo Temer que está tentando nos massacrar: retirando direitos, desrespeitando a constituição, se desfazendo do nosso patrimônio a preço de banana e, com isso, minando uma das maiores conquistas do povo brasileiro dos últimos anos: a nossa autoestima; não devemos confundir com a afirmação da brasilidade que esses momentos representam.
A esperança é o que nos mantém mobilizados na construção de um país melhor. Por isso mesmo não podemos abrir mão desse traço tão rico da nossa identidade enquanto Nação: a alegria! Ora, se a negação da política não muda a política — é a participação que produz a transformação — não seria a negação do que nos faz uno enquanto povo que seria capaz de superar as condições de divergência e de bipolaridades.
Ninguém deve nos convencer de que não torcer é o caminho para superar a crise. Parafraseando Henfil, diria que o futebol é do povo, assim como a greve é do trabalhador. O futebol é maior que o desgoverno atual, que as diferenças com a seleção ou suas estruturas. O futebol é de meninos e meninas das cidades deste país, é meu, é seu, é nosso. Gritemos GOL! Gritemos Golpe! Vamos mudar esse estado de coisas, com o nosso jeito, com alegria e com verde e amarelo, que é a cor dos que amam o Brasil e dos que lutam por ele. De mais ninguém!
*Frase de Henfil em carta à sua mãe.