Conta de luz: Bolsonaro recomenda banho frio e não usar elevador
Sem um programa eficaz para evitar o apagão de energia, Bolsonaro, depois de elevar as tarifas de energia em mais de 50%, pediu para os brasileiros evitarem o elevador e tomar banho gelado, em transmissão nas redes sociais, na quinta-feira (23). “Se puder apagar uma luz na tua casa apaga, eu peço por favor. Não use elevador. Tomar banho é bom, mas se puder tomar banho frio é muito mais saudável, ajuda o Brasil”, afirmou Bolsonaro.
Escassez de chuvas no Brasil não é novidade e o atual governo já deveria ter se planejado para atenuar os efeitos desta que é a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. Sem um plano eficaz, o presidente seguiu a estratégia dos incompetentes: jogou os custos das caríssimas termelétricas para o povo e passou a responsabilidade de um futuro apagão para a população e para o Divino.
“A gente pede a Deus que agora em novembro, final de outubro, venha chuva para valer no Brasil. Para que a gente não tenha problema no futuro, que podemos ter problema no futuro”, declarou. “Se você puder, apague uma luz na tua casa, se puder desligue o ar-condicionado. Se não puder – está com 20 graus? – passa para 24 graus, gasta menos energia”, disse Bolsonaro.
Se os níveis dos nossos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste estão no menor patamar desde a crise de 2001, é porque faltou planejamento, faltou um governo que elaborasse um plano nacional que investisse fortemente em fontes mais renováveis e mais baratas. O atual governo é incapaz de ter essa ou qualquer ambição de proteger as famílias, principalmente, as mais carentes que estão já cozinhando com fogão à lenha porque o preço do botijão de gás está acima de R $100. As únicas obsessões de Bolsonaro e de sua turma são a entrega do patrimônio público – isto é o que pertence aos povos, como no caso da Eletrobrás – ao capital estrangeiro, e, por fim, derrubar a democracia brasileira.
Na live, Bolsonaro retornou a retórica de que a alta no preço dos combustíveis se deve à cobrança do ICMS dos Estados, e não pela ação do próprio Palácio do Planalto de manter a Petrobrás amarrada à política do Preço de Paridade de Importação (PPI), que faz com que o consumidor brasileiro pague pelo produto que são produzidos pela estatal conforme as cotações internacionais da gasolina, diesel, gás, etc., a cotação do dólar, e mais os custos que importadores têm com fretes, seguro, entre outras despesas.
Além disso, Bolsonaro também transferiu a responsabilidade da alta da gasolina para os usineiros de etanol.
“Etanol encarece gasolina na origem”, disse Bolsonaro ao sugerir a diminuição da concentração de etanol na gasolina para baixar o preço.
“Os usineiros vão chiar, porque eles têm um mercado garantido hoje em dia, que é o etanol que você bota no seu carro, na gasolina ou o etanol puro. Então, olha o tamanho da encrenca para a gente diminuir o porcentual da mistura do etanol na gasolina”, disse Bolsonaro. Hoje quem decide o porcentual de etanol à gasolina é o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), vinculado ao Ministério da Agricultura e integrado às pastas da Economia e de Minas e Energia. Pela lei vigente, autoriza a mistura de 18% a 27% de etanol anidro na gasolina.
O IOF também foi tema na live do presidente: “Qual o objetivo de aumentar o IOF até o final do ano? Não é aumentar imposto. Aumentou imposto, sim, mas zerou o PIS/Confins do milho”, tentou justificar o Bolsonaro. “Aumentou de um lado e tirou do outro lado, ficou no zero a zero”, acrescentou.
A alta no IOF sobre operações de crédito para empresas e pessoas físicas começou a valer no início desta semana (20). Na avaliação do economista José Luis Oreiro, o aumento do imposto, com o país estagnado, empresas e consumidores endividados e aumento da taxa de juros, vai desestimular ainda mais a economia e acelerar a inflação.
“Foi uma decisão horrorosa”, declarou Oreiro. “É de uma burrice econômica inacreditável”, criticou o professor da Universidade de Brasília (UnB). “Aumentar ainda mais o IOF sobre as transações financeiras é querer aumentar a inadimplência e botar um pouco mais de água fria na pífia recuperação da economia brasileira”, disse o economista.