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O preço da carne disparou nos açougues e supermercados do país em plena pandemia, o que obrigou os brasileiros a cortarem o consumo de carne bovina para o menor nível em 25 anos.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), hoje, cada brasileiro consome 26,4 quilos desta proteína ao ano, queda de quase 14% em relação a 2019, quando ainda não havia crise sanitária. Este é o menor nível desde 1996, início da série histórica da Conab.

Só nos primeiros quatro meses deste ano, o consumo per capita de carne bovina caiu mais de 4% em relação a 2020, estima a Conab.

Com o agravamento da pandemia, desemprego recorde e queda na renda, em particular, após violento corte no auxílio emergencial para menos da metade e para metade dos que receberam no ano passado e que ficaram sem receber por quase quatro meses, a população ficou ainda mais pobre. O auxílio emergencial não paga nem a metade de uma cesta básica, que está, em média, em R$ 630, segundo o Dieese. São quase 20 milhões de brasileiros na extrema pobreza e mais da metade da população vivendo a insegurança alimentar.

Na contramão do mundo, dos países que promoveram medidas para garantir segurança alimentar diante da mais grave crise sanitária da história, Bolsonaro lavou as mãos e não fez nada para conter o avanço no preço das carnes, favorecendo as exportações em detrimento do mercado interno.

Frente à carestia dos preços dos alimentos, que, além da carne, tirou da mesa do brasileiro o tradicional arroz com feijão, Bolsonaro não propôs nenhuma solução para aliviar a população deste sofrimento, pelo contrário, incentivou a exportação predatória e declarou que não ia “interferir no mercado, tem que valer a lei da oferta e procura”.

E os preços não pararam de subir. Segundo a última sondagem feita pelo IBGE, o preço das carnes em geral subiu 35% no país nos 12 meses até abril. Na cadeia dos preços dos alimentos, a alta de um alimento gera o aumento de outros, é um efeito dominó. Com o preço absurdo da carne, os brasileiros estão buscando consumir frangos, suínos, entre outras proteínas mais baratas, como o ovo, por exemplo, que é um dos itens alimentares mais usados pelas famílias pobres. Todos estes produtos estão mais caros nas gôndolas dos supermercados.

Em 12 meses, a carne de porco acumula alta de 29,88%. O frango inteiro e frango em pedaços acumulam altas de 13,38% e 14,62%, respectivamente. Já o ovo de galinha subiu 5,27% neste período, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE.

Mas a verdade é que a carne já estava cara antes da Covid-19 desembarcar no Brasil. De janeiro de 2019 a janeiro de 2020, acumulava alta de 26,09%, segundo dados do IBGE.

Com continuidade da crise econômica de 2014/2016, crise que se agravou diante dos desatinos de Bolsonaro e por conta da pandemia da Covid 19, o agronegócio manteve sua estratégia de obter margens maiores de lucro no exterior, com alta demanda internacional pela proteína, particularmente da China, mas, principalmente, graças à forte desvalorização do real frente ao dólar. Somando isso à política do mercado interno de atrelar os preços dos produtos nacionais aos preços internacionais das commodities, grãos, combustíveis, etc., o Brasil, que tem o maior rebanho bovino do mundo, a partir de 2019, passou a vender a carne mais cara para o seu próprio povo.