Brasília- DF. 11-12- 2019- ministro da Educação Abraham Weintraub durante depoimento na comissão de educação da câmara. Foto Lula Marques

Após a divulgação do vídeo de reunião ministerial ocorrida em 22 de abril, autorizada pelo
ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), os senadores Randolfe Rodrigues
e Fabiano Contarato, ambos da Rede Sustentabilidade, e os deputados Alessandro Molon (PSB-
RJ) e Joenia Wapichana (Rede-RR) apresentaram ao procurador-geral da República, Augusto
Aras, representação contra o ministro da educação, Abraham Weintraub, por ofensas e
ameaças contra pessoas, povos e instituições.
Os parlamentares solicitaram ainda que o Ministério Público Federal (MPF) apure se o ministro
incorreu em crime de discriminação contra os povos indígenas, ferindo as diferenças culturais
das diversas etnias.
Para os congressistas, “a referida reunião apresenta um conjunto de ofensas e ameaças,
expressas ou veladas, em expressões indecorosas, grosseiras e constrangedoras, contra
diferentes pessoas, povos e instituições”.
Eles caracterizam os trechos das falas de Weintraub como uma “clara destilação de ódio, em
termos claros, enfáticos e chocantes, contra o povo indígena e o povo cigano”. A
representação frisa a crítica feita por Weintraub a Brasília como “cancro de corrupção, de
privilégio”, e ao dirigir-se ao STF com absoluto desrespeito à instituição, ao afirmar que: “Eu,
por mim, botava esses vagabundos na cadeia. Começando no STF…”.
“Não só as palavras, mas o contexto e a entonação demonstram o desprezo profundo do
ministro da Educação tanto pelos povos ciganos e indígenas, como pelo Supremo Tribunal
Federal e seus honrosos membros”, ressaltou Randolfe Rodrigues.
Em outra representação, Randolfe, Molon e o deputado André Peixoto (PDT-CE) questionam a
nota divulgada sexta (22) pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto
Heleno.
Nela, o ministro afirma que a apreensão do celular de Bolsonaro para eventual perícia seria
uma “interferência inadmissível” no governo, que poderia ter “consequências imprevisíveis”
para a estabilidade política do país.
O pedido feito a Aras é para que o MPF instaure inquérito visando apurar a licitude do
comportamento de Heleno tanto por crime comum, quanto por crime de responsabilidade.

“Não vamos aceitar ameaça alguma contra a democracia. O Sr. Augusto Heleno não só deve
explicações como desculpas por ameaçar as instituições”, diz o texto.