Um debate sobre os desafios nos setores de Saneamento e Meio Ambiente abriu o segundo dia de programação do 10º Congresso do Sintaema. Com o tema “Mudanças no Marco Regulatório e a ‘Passagem da Boiada’”, a mesa reuniu Felipe Augusto Zanusso Souza, pesquisador da área do Meio Ambiente, e Arilson Wunsch, presidente do Sindiágua/RS.

Felipe apresentou mapas que mostram a redução acelerada da cobertura florestal paulista. Hoje, segundo ele, São Paulo tem 15,46% do território composto por Unidades de Conservação, sendo 3,70% de proteção integral e 11,76% de uso sustentável. No entanto, nada menos que 60% da água que abastece o estado nasce nessas áreas protegidas.

Felipe criticou os governos do PSDB, no estado e no município, pela política liberal na gestão de parques. “É uma lógica de privatizações e desmonte”, afirmou. Ele mostrou pesquisas que, na contramão dessa tendência, revelam uma consciência ambiental cada vez maior da população brasileira.

Arilson, por sua vez, destacou as recentes mudanças na legislação do saneamento básico no Brasil. A seu ver, o novo marco regulatório não dá garantias de que o Brasil vai atingir níveis elevados de cobertura – como 99% de acesso água tratada e 90% de coleta e tratamento de esgoto. A universalização pode ocorrer antes de 2033, desde que o interesse público prevaleça.

Para agravar a situação, diz Arilson, “vem aí ou está aí o PL (Projeto de Lei) do Marco Hídrico”, que prevê a cessão onerosa de direito de uso dos recursos hídricos brasileiros. Diante da onda de retrocessos, ele avalia que sindicatos como o Sintaema devem “levar a informação a todas e todos”, ajudando no esclarecimento da crise. “Os sindicatos são a legítima e única representação de todo o povo trabalhador”, concluiu o dirigente sindical.

O 10º Congresso do Sintaema, iniciado nesta sexta-feira (3), prossegue até domingo (5), em São Pedro (SP).

Com informações do Sintaema