Condenar Lula é aprofundar golpe contra a soberania nacional
A democracia e o Estado de direito no Brasil vivem dias agônicos. No próximo dia 24, em Porto Alegre, será julgado o recurso da defesa do ex-presidente Lula da Silva, avaliado como o melhor governante que o Brasil já teve.
Por Socorro Gomes*
O julgamento de Lula está eivado de fraudes, fruto do ódio e preconceito de oligarcas que, desde a sua primeira eleição, declararam que o Brasil não poderia ser governado por um Silva metalúrgico. E acrescentavam, à boca pequena, como já tinham dito sobre o ex-presidente Getúlio Vargas, que o torneiro mecânico não seria eleito; se fosse, não tomaria posse; e, se empossado, não governaria.
O presidente Lula está sendo julgado por encarnar um projeto de país soberano e socialmente inclusivo, em que o povo pobre passou a ter um quinhão dos recursos públicos. Durante muito tempo esses recursos eram abocanhados por esta casta que impulsionou, teceu, armou e concretizou o ataque contra o país e impediu qualquer possibilidade de distribuição das riquezas e diminuição da miséria, golpeando o projeto de nação soberana em construção sob os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff.
Herdeiros políticos e ideológicos da casa grande, encastelados hoje, como ontem, nas mais importantes instituições de poder no Brasil, deram o golpe de Estado que, travestido de ação institucional, deixou à mostra para o mundo e especialmente para o povo brasileiro do que são capazes para manter seus privilégios.
Por isso mesmo, juristas e cientistas políticos pasmados com as irregularidades dos processos contra Dilma e contra Lula têm se manifestado no Brasil e no exterior, em repúdio, somando-se inclusive ao Manifesto Eleição Sem Lula é Fraude. Partidos políticos, centrais sindicais, centros acadêmicos e movimentos sociais de diversos países também aderem à luta, em apoio e solidariedade ao povo brasileiro manifestos reiteradamente, inclusive com participação prevista para o início desta semana nas grandes mobilizações no exterior e no Brasil.
Para as forças mobilizadas, a defesa do direito de Lula a concorrer às eleições de 2018 alia-se claramente à defesa da democracia, da soberania e do projeto de desenvolvimento nacional para todos os brasileiros e brasileiras – um projeto que está no eixo central da estratégia ofensiva reacionária. Afinal, para atingir seu objetivo – apropriar-se do suor e sangue dos trabalhadores, aumentando assim, em tempos de crise, a riqueza dos herdeiros da casa grande – as elites decadentes impõem um regime de escravidão moderna, anulando os direitos do povo.
O regime golpista tem implementado freneticamente uma agenda de destruição do patrimônio da nação brasileira. A Petrobrás tem seu caráter nacional questionado. A política imposta pelo golpe destrói completamente a soberania do país e fecha os caminhos para a cooperação do Brasil com outras nações do mundo. O que foi destruído pelo golpe atinge a imagem do Brasil e seu papel no concerto das nações.
O monstrengo golpista imposto se propõe ser o algoz das vontades e decisões dos povos latino-americanos e caribenhos, sendo o maior exemplo disto a ignominiosa atitude para com a República Bolivariana da Venezuela, somando-se ao império decadente dos EUA, em detrimento da soberania da nação irmã e da paz no continente.
No dia 24 de janeiro, pelas mãos e penas dos representantes da casa grande no poder judiciário, será dado o veredito sobre o recurso do presidente Lula da injusta condenação que lhe foi imposta pelo juiz Sérgio Moro. Não há provas, mas sobram as convicções de que o devem condenar.
Condenar o presidente Lula é o que aglutina e unifica a casa grande, o judiciário, a mídia monopolista, o conjunto das classes dominantes retrógradas e os que movem os cordéis: o grande capital financeiro e o imperialismo estadunidense.
O golpe desferido no Brasil é o golpe contra o projeto de nação soberana e socialmente desenvolvida.
O golpe contra os trabalhadores e os direitos sociais.
O golpe contra a Democracia e o Estado de Direito.
Condenar Lula é impor mais e mais opressão aos trabalhadores e ao povo.
Os golpistas querem decretar a derrota aos que acreditam que o Brasil tem um futuro de desenvolvimento econômico e social, de integração cooperativa e soberana no concerto internacional. A perseguição e condenação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a tentativa de calcinar o nosso campo da esperança. O que querem os ideólogos da condenação de Lula é pôr uma pá de cal na integração do continente e impor os seus desígnios.
*Socorro Gomes foi deputada federal e é a presidenta do Conselho Mundial da Paz.
Fonte: Cebrapaz