O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente da República, usou sua conta no Twitter para defender o  autoritarismo como forma de governo. Comunistas defendem a democracia contra ataque do clã Bolsonaro.

Nesta segunda-feira (9), o “02”, postou o seguinte comentário: “Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos… e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!”.

As palavras dele ganharam repercussão imediata entre os que defendem a democracia.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou inaceitável que o filho dileto de Bolsonaro, aquele que fala por ele nas redes sociais, venha a público desqualificar a via democrática no Brasil. “O que essa turma está achando? Que vão implantar uma ditadura? A democracia é maior que o autoritarismo da família das trevas”, criticou o deputado.

Para a líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), fora da via democrática está o autoritarismo, a censura, o fim da liberdade. “A transformação sem democracia é retrocesso, perda de direitos e um terreno fértil para uma ditadura que esperamos nunca mais se repita”, disse.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) postou no Twitter uma célebre frase de Ulysses Guimarães ao promulgar a Constituição Cidadã de 1988: “Traidor da Constituição é traidor da pátria! Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar o Parlamento, garrotear as liberdades, mandar os patriotas para cadeia, exílio, cemitério. Tenho ódio à ditadura”!

“Além de estúpido é aspirante a ser filhote de ditador. Continuará frustrado”, afirmou o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).

A ex-deputada do PCdoB-RS, Manuela d’Ávila, sugeriu que a bancada de Oposição no Congresso Nacional entre em obstrução de pauta até o presidente Jair Bolsonaro se pronunciar sobre o argumento do filho.

Ao avaliar a declaração de Carlos, Manuela salientou que no Brasil o primeiro atingido com uma eventual intervenção autoritária é o parlamento nacional. “Oposição – toda ela, a de centro também- deveria entrar em obstrução no parlamento até o presidente da República desmentir a declaração do filho. Nada de iniciativa do governo deveria entrar em pauta ou ser votado”, disse a comunista.

“Conhecemos a história do Brasil. O parlamento é sempre o primeiro a ser fechado quando o golpismo se impõe. Desde 1823”, emendou.

Na ótica de Manuela, “os inimigos do que resta de Estado Democrático de Direito tramam isso [um golpe] de dentro dos palácios, com todas as vantagens e possibilidades de quem exerce o poder”.

“Um dos filhos do presidente, que Bolsonaro já disse mais de uma vez que fala em seu nome, ameaça o país com um golpe”, disse. “A unidade dos democratas de todos os matizes é urgente. Os limites da nossa democracia e das instituições que lhe são características são reais. Mas o que esses tiranetes preparam, acreditem, é muito pior”, acrescentou.