Comunistas criticam Bolsonaro: crise com Irã, riscos para o Brasil
Além de reafirmarem as críticas ao imperialismo dos EUA no Oriente Médio, parlamentares e lideranças do PCdoB criticaram duramente a postura do governo Bolsonaro, que de forma inábil acabou por envolver o Brasil na crise internacional a partir da divulgação de uma nota do Itamaraty em apoio a ação de Trump na última sexta-feira (3). Os comunistas se pronunciaram pelas redes sociais e seguem acompanhando o desenrolar da tensão gerada por um ataque estadunidense ao Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, na quinta-feira passada (2).
O atentado ordenado pelo governo de Donald Trump resultou no assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, considerado por muitos o segundo homem mais importante do Irã. O fato reverberou na escalada de tensões entre os dois países, já em voga desde o ano passado.
A nota da chancelaria brasileira sobre a questão contraria a tradição de não-intervenção do Brasil. O texto transmitiu apoio aos Estados Unidos numa suposta “guerra contra o terrorismo”.
O movimento do governo Bolsonaro já foi contestado pelo Irã, um importante parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio. O governo do país persa convocou a representação brasileira a prestar esclarecimentos em Teerã.
Na noite desta terça-feira (7), o Irã atacou bases estadunidenses no Iraque. Segundo o presidente Donald Trump, em pronunciamento nesta quarta-feira (8), não houve mortos ou feridos nem dos Estados Unidos, nem do Iraque. No pronunciamento, Trump voltou a dizer que o poderio bélico estadunidense é o maior do mundo, mas afirmou não pretender usá-lo, o que foi interpretado como um recuo nas ameaças de mais uma guerra na região.
A líder da Minoria, deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), analisou pelas redes sociais que a “agressividade e a política imperialista estadunidense precisam ser denunciadas e devemos lutar pela paz”.
Ela destacou a “arrogância” de Trump no pronunciamento e questionou também a crise diplomática gerada pelo posicionamento brasileiro de apoio aos EUA, que contraria “nossa tradição pacífica”. Jandira criticou postura do chanceler de Bolsonaro, Ernesto Araújo, que saiu de férias apesar das turbulências da política internacional.
Agora, novamente agredindo a soberania do Iraque e assassinando um importante líder iraniano, utilizando-se de mais mentiras, gera novas tensões e mortes na região.
Seu pronunciamento é prova de sua arrogância e expressa mais uma ameaça ao Irã e à paz. +— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 8 de janeiro de 2020
A agressividade e a política imperialista estadunidense precisam ser denunciadas e devemos lutar pela paz.
Agora, novamente agredindo a soberania do Iraque e assassinando um importante líder iraniano, utilizando-se de mais mentiras, gera novas tensões e mortes na região.
Seu pronunciamento é prova de sua arrogância e expressa mais uma ameaça ao Irã e à paz. +— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 8 de janeiro de 2020
— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 8 de janeiro de 2020
O chanceler provoca crise diplomática c uma posição que contraria nossa tradição pacífica de conflitos e sai de férias. A ausência cai bem numa situação em que precisamos de lucidez p enfrentar a conjuntura. Mas não é postura de um chanceler. Deveria pedir demissão de vez. pic.twitter.com/nS3xC4DCnT
— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 8 de janeiro de 2020
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) ressaltou que sob Bolsonaro o Brasil age de forma “submissa” aos EUA. O parlamentar compartilhou reportagem da Revista Fórum que trata de prejuízos econômicos que o posicionamento atual do Itamaraty pode gerar contra o Brasil.
Bolsonaro humilha o Brasil com sua política externa de submissão aos EUA. É um governo títere, fantoche de Trump. https://t.co/0x9iJHkEyl
— Orlando Silva (@orlandosilva) 8 de janeiro de 2020
As deputadas Perpétua Almeira (PCdoB-AC) e Alice Portugal (PCdoB-BA) se somaram aos comentários sobre os efeitos da “inconsequência” da nota divulgada pelo Itamaraty na última sexta-feira (3). Contudo, destacaram os riscos à paz no território nacional a que o Brasil fica exposto por culpa da política de Bolsonaro.
Como evidência, compartilham a informação de que o próprio governo estadunidense analisou o risco que o Brasil passa a correr e, por isso, emitiu alerta para os seus cidadãos que moram aqui.
Perpétua ressaltou que a posição do Itamaraty é “vexatória” e “perigosa”. Alice questionou a quebra da nossa “tradição diplomática” de respeito a “auto-determinação dos povos” e de defesa da paz.
Entendem agora q a posição vexatória e perigosa do Itamaraty, no conflito entre EUA e Irã, depois do assassinato do comandante iraniano Suleimani, nos envolve numa guerra q não é nossa nos trazendo riscos econômicos e geopolíticos? https://t.co/NYqFsqPCSH
— Perpétua Almeida (@perpetua_acre) 8 de janeiro de 2020
Vejam o rebote de uma nota inconsequente do governo Brasileiro. Expõe o país e quebra a nossa tradição diplomática de defesa da paz e da auto-determinação dos povos.
EUA já avaliam que conflito com Irã pode atingir Brasil /Revista Fórum https://t.co/819g0l87R7— Alice Portugal (@Alice_Portugal) 8 de janeiro de 2020
A ex-parlamentar Manuela d’Ávila (PCdoB-RS) ironizou a ausência do ministro de Relações Exteriores, que segue de férias apesar de uma crise de proporções imensas no mundo: “a incapacidade nos governa”, escreveu.
A incapacidade nos governa. pic.twitter.com/qTrk6c9E0i
— Manuela (@ManuelaDavila) 8 de janeiro de 2020
Ainda na terça-feira (7), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA), criticou que “eventuais simpatias ou afetos pessoais” venham a empurrar os brasileiros para “conflitos alheios”. Dino reforçou que o governo deve cuidar dos interesses do Brasil e zelar pela paz.
A absurda política externa subalterna aos Estados Unidos está empurrando o Brasil e os brasileiros para conflitos alheios, trazendo riscos econômicos e sociais. Eventuais simpatias ou afetos pessoais não podem prejudicar o papel do governo brasileiro: cuidar do Brasil ??
— Flávio Dino ?? (@FlavioDino) 7 de janeiro de 2020
Um objetivo fundamental é preservar ao máximo o Brasil e os brasileiros. A outra deve ser atuar em favor da PAZ e do bom senso. Espero que o sistema ONU, outros países e instituições internas das Nações em conflito consigam moderação e mediação. Guerras só causam o mal.
— Flávio Dino ?? (@FlavioDino) 8 de janeiro de 2020
Solidariedade Comunista
Nesta segunda-feira, a deputada federal Perpétua Almeida (AC), o deputado estadual pelo Acre, Edvaldo Magalhães e João Vicente Goulart, membro do Comitê Central do PCdoB, estiveram na embaixada do Irã em Brasília para assinar o livro de condolências e prestar solidariedade ao povo iraniano pelo assassinato do general Qasem Soleimani.
No mesmo dia, a Secretaria de Política e Relações Internacionais do PCdoB divulgou nota em repúdio à agressão estadunidense contra o Irã e o Iraque. O partido também rechaçou a nota emitida pela chancelaria do Brasil na última sexta-feira (3) em apoio ao crime cometido pelos Estados Unidos.
“O Brasil é um país amigo das nações árabes e da nação iraniana e não tem vocação para promover a guerra”, destaca a nota, assinada pelo vice-presidente e secretário de Política e Relações Internacionais do partido, Walter Sorrentino.