Comissão Sindical debate desafio de incluir mais mulheres e jovens
Desafios como a ampliação do trabalho de base, especialmente com a juventude e com as mulheres, e a busca por modos de inovar na comunicação e na organização sindical, foram temas em debate da reunião da Comissão Sindical Nacional do PCdoB, realizada na última quarta-feira (6). O contexto das grandes mudanças no processo produtivo e dos efeitos devastadores da pandemia do novo coronavírus permearam as discussões.
O encontrou teve caráter ampliado, contando com a participação dos secretários sindicais estaduais e coordenadores de frações nacionais. Participaram 40 camaradas de 16 estados. O secretário de Movimento Sindical do PCdoB, Nivaldo Santana, explicou que o formato virtual, opção necessária para evitar contaminação pela covid-19, neste caso tem a vantagem de facilitar a mobilização, pois “todos estão em casa”.
“As reuniões nacionais são, em média, bimestrais. Com o avanço do uso das plataformas de videoconferência, a tendência é ter reuniões com maior frequência. Mas a principal proposta de encaminhamento aprovada é a realização de um Encontro Sindical Nacional, com 500 participantes, na primeira semana de junho”, destacou o secretário.
Organizar e mobilizar
Segundo o relato do encontro (acesse a íntegra), “houve grande convergência na caracterização das quatro crises simultâneas enfrentadas hoje no país: sanitária, social, econômica e política.”
Em resposta ao cenário, os participantes concordaram sobre a necessidade de construir, em todas as áreas, uma Frente Ampla de Salvação Nacional contra o governo Bolsonaro.
Os desafios de ampliar o trabalho de base foram, na opinião de Nivaldo Santana, um dos destaques do encontro virtual.
“Acordamos a necessidade de avançar na organização de base, tanto nos locais de trabalho, estudo e moradia quanto em outros espaços onde os trabalhadores atuam, como nos centros culturais, esportivos, de lazer, religiosos, entre outros. Para tanto, devemos diversificar as formas de abordagem, principalmente para atrair mais jovens e as mulheres para a luta sindical”, defendeu.
1º de Maio
De modo geral, segundo o documento que sintetiza o encontro, os participantes concordaram que o 1º de Maio realizado de modo virtual foi uma saída criativa para a impossibilidade das tradicionais manifestações de rua. O evento, que reuniu as centrais e um amplo espectro político foi considerado vitorioso, “alcançando audiência de milhões”.
“A amplitude do ato marcou a concretização, na prática, de uma grande frente ampla”, resume o relato da reunião.
Vitórias no parlamento
Os camaradas avaliaram também que os trabalhadores conseguiram, apesar das dificuldades da conjuntura, obter ganhos concretos a partir do crescente contato e articulação do movimento sindical junto ao Congresso, aos governadores e a outras organizações.
As principais vitórias foram o aumento de R$ 200 para R$ 600 e até R$ 1.200 no caso das chefes de família com a renda mínima emergencial e a não-votação da MP 905/2020, que pretendia criar a chamada “carteira de trabalho verde amarela”, uma nova modalidade de precarização do trabalho.
A concessão de R$ 120 bilhões de ajuda aos estados e municípios também foi considerada uma conquista dos trabalhadores visto que os entes da federação precisam de recursos tanto para a crise sanitária como para diminuir a recessão econômica. Embora sem sanção presidencial na data da reunião, o Congresso aprovou a exclusão de boa parte dos servidores do congelamento salarial proposto pelo governo, o que foi considerado vitória pelas lideranças.
Cedo para impeachment
Além dos 12,9 milhões de desempregados e 27,6 milhões de subutilizados (IBGE trimestre jan/fev/mar/2020), economistas já preveem uma queda em torno de 10% do PIB no ano. Com isso, o Brasil pode dobrar os indicadores de desemprego e ficar à beira de uma convulsão social. Diante deste cenário recessivo, a temperatura esquenta no campo político, acirrada com as ameaças de radicalização autoritária da parte de Bolsonaro.
Apesar de setores da Oposição e da sociedade pedirem impeachment, a avaliação dos comunistas da frente sindical é de que “ainda não estão maduras as condições para o afastamento do presidente, entre outras razões pela prioridade que deve ser dada ao combate à pandemia da convid-19 e a não formação ainda de um consenso no Congresso sobre a matéria”, conforme o documento que resume a reunião.
A luta tem como bandeiras a “defesa da democracia, da saúde, do emprego e dos direitos”, e, conforme avaliaram, “terá como um momento importante a batalha eleitoral deste ano, conjugada com os esforços para avançar na estruturação do Partido entre os trabalhadores”.