O plenário da Câmara aprovou nesta quarta-feira (15) a criação de comissão externa para investigar as circunstâncias do desaparecimento e morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e ao jornalista inglês Dom Phillips na região do Vale do Javari, no Amazonas.

Além de acompanhar as investigações, o grupo vai atuar na fiscalização das ações desenvolvidas pelos órgãos competente e propor providências para o combate do aumento da criminalidade na região.

Investigação

O requerimento pedindo a criação do colegiado foi apresentado pela deputada indígena Joenia Wapichana (Rede-RR) e subscrito por 12 parlamentares de diversos partidos, entre eles os comunistas Orlando Silva e Alice Portugal.

Segundo o documento, o “caso não pode ser tratado com indiferença” e que é “necessário o envio de todos os recursos possíveis para que se tenha uma rápida solução”.

“Diante de toda essa escalada de violência contra os povos indígenas, seus apoiadores, os protetores ambientais, a Câmara dos Deputados tem o dever de acompanhar e fiscalizar como estão sendo desenvolvidas as ações governamentais para desvendar as circunstâncias do desaparecimento”, diz o texto.

Ao encaminhar o voto favorável à proposta, O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) destacou a importância da instalação imediata da comissão “para que possamos acompanhar essa tragédia”. “É um fato de grande repercussão, de repercussão internacional”, completou.

“O Vale do Javari concentra a maior quantidade de povos originais isolados do mundo. E Bruno Pereira estava ali porque era um dos mais respeitados indigenistas do país. Dom Phillips estava ali para oferecer informação ao Brasil e ao mundo sobre aqueles povos. Essa é uma outra forma de proteger essas tradições”, observou o parlamentar, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Segundo Joenia Wapichana, os deputados devem acompanhar as circunstâncias do caso. “A invasão das terras indígenas envolve a presença de garimpos ilegais, madeireiros, narcotráfico. Devemos apontar soluções para fatos preocupantes e graves”, disse.

A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) quer que a comissão externa ouça os indígenas do Vale do Javari, que têm sido desrespeitados pelo governo federal. Ela também sugeriu que o grupo ouça fiscais do Ibama que estão sob ameaça de garimpeiros e narcotraficantes.

Tragédia

Bruno e Dom estavam desaparecidos desde 5 de junho. Um dos suspeitos pelo desaparecimento, Oseney da Costa de Oliveira, confessou que ambos foram assassinados. Oseney e seu irmão, Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como o Pelado, estavam presos e foram levados ao local do crime.

Segundo a Polícia Federal (PF), os suspeitos disseram que as vítimas foram esquartejadas e tiveram os corpos incendiados.

Repercussão

Em suas redes sociais, deputados do PCdoB repudiaram o crime e as circunstâncias das mortes do indigenista brasileiro e do jornalista inglês.

“Estarrecedora a notícia de que os corpos de Dom Phillips e Bruno Araújo foram “esquartejados e incinerados”. Revoltante dispor de vidas com requinte de crueldade. Quem cometeu os crimes? A mando de quem? Qual motivo? Solidariedade à família. Um dia triste para nossa democracia”, escreveu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em seu perfil no Twitter.

Para a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), “os bandidos se sentem no poder desde que Bolsonaro assumiu o governo”. “Cada frase do presidente encoraja esse tipo de gente que tortura, joga gás, incendeia, mata…”, diz em uma postagem na rede.

 

Por Walter Félix

 

(PL)