Fundadora da Comissão Arns, Maria Hermínia Tavares de Almeida

O governo de Jair Bolsonaro foi denunciado na segunda-feira (15), durante intervenção no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, por “devastadora tragédia humanitária”.

A Comissão Arns e a organização não-governamental Conectas denunciaram Bolsonaro por sua gestão criminosa da pandemia no país que já matou quase 280 mil pessoas por Covid-19. É o maior número de mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Para a representante da Comissão Arns, Maria Hermínia Tavares de Almeida, “a situação do Brasil é desesperadora”.

“Viemos aqui hoje para criticar as atitudes recorrentes do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia”, afirmou a representante da entidade.

“Ele desdenha das recomendações dos cientistas; ele tem, repetidamente, semeado descrédito em todas as medidas de proteção, como o uso de máscaras e distanciamento social; promoveu o uso de drogas ineficazes; paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou a importância das vacinas; riu dos temores e lágrimas das famílias e disse aos brasileiros para parar de ‘frescura e mimimi’”, afirmou.

No comunicado distribuído, as duas entidades destacam que as poucas medidas econômicas e sanitárias tomadas para enfrentar a pandemia resultaram da ação dos Poderes Legislativo e Judiciário federais, além de governadores e prefeitos. “É por isso que estamos aqui, hoje, para chamar a atenção deste Conselho e apontar a responsabilidade do presidente Bolsonaro em promover, por palavras e atos, uma devastadora tragédia humanitária, social e econômica no Brasil”, dizem no comunicado.

“Viemos aqui hoje para criticar as atitudes recorrentes do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia”, disseram as entidades ao conselho.

Bolsonaro minimiza os efeitos do coronavírus. Já acusou a imprensa por divulgar os números de vítimas da Covid-19 e a chamou de “gripezinha”. Ele estimula aglomerações e as promove, em desrespeito às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Brasil começou a vacinar a população muito tarde por conta da atitude do presidente que sabotou a aquisição de vacinas enquanto pôde. Pelas pressões da sociedade brasileira, finalmente ele resolveu adquiri-las, com a maior lentidão do mundo. Apenas 4,76% da população brasileira foi vacinada até agora, um pouco mais de 10 milhões de pessoas.

Mesmo quando ficou claro que a vacina é o único caminho para debelar o vírus, Bolsonaro insistiu na sua propaganda retrógrada por remédios ineficazes, como a cloroquina, e, efetivamente, torrou milhões dos cofres públicos neles, abarrotando o sistema de saúde com esses medicamentos. Exatamente o que não fez com as vacinas.

Na semana passada, ele enviou uma delegação a Israel, chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, atrás de um spray nasal contra a Covid-19 que ainda sequer foi totalmente testado e que nem os israelenses estão usando.

A falta de oxigênio para as UTI dos hospitais de Manaus que tratam da Covid-19 foi o retrato de como o governo Bolsonaro trata a pandemia: descaso, omissão, indiferença. Em dois dias, cerca de 30 pacientes em tratamento grave da Covid-19 morreram asfixiados por falta de oxigênio.

O governo, que foi alertado antecipadamente do eminente colapso, não tomou providências preventivas para impedir as mortes. Pelo contrário, forçou os médicos a receitarem cloroquina aos pacientes.