As vendas do comércio varejista brasileiro tiveram em abril o pior desempenho para o mês desde 2015, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (12 de junho). Sobre março, a queda foi de 0,6% – com principal contribuição o recuo nas vendas em hiper e supermercados, ou seja, de alimentos e itens de primeira necessidade. Assim como os demais setores da economia, a crise se agudizou para o varejo nos primeiros meses de 2019, a despeito da promessa de recuperação do atual governo.
O ano começou com o setor apresentando ligeiro crescimento de 0,6% em janeiro, que no mês seguinte despencou para negativos -0,1%. Em março, encerrando o primeiro trimestre, o desempenho do setor foi praticamente nulo (0,1%). De acordo com Isabella Nunes, gerente da pesquisa pelo IBGE, “só essa observação já nos mostra uma perda de ritmo no ano de 2019”.
Com o resultado de abril, o setor está 7,3% abaixo do recorde alcançado em 2014.
Cinco das oito atividades pesquisadas tiveram queda no volume de vendas em abril na comparação com março, ressaltando que o setor de hipermercados, que caiu 1,8% apenas na passagem de um mês para o outro. representa que os brasileiros estão consumindo menos produtos de primeira necessidade, como alimentos e itens de higiene pessoal.
Além da evolução dos preços (a inflação de alimentos acumula alta de 4,78% em 12 meses), a gerente do IBGE nota que o grande contingente de desempregados e subempregados contribuíram para a queda nas vendas do setor. De acordo também com o IBGE, o número de pessoas nessas condições no país chegou a 28,4 milhões em abril. “Essa situação dificulta o crescimento da massa de rendimentos, que é o que impulsiona o consumo”, disse Isabella Nunes , lembrando que a queda no volume de vendas de alimentos não é de hoje: o setor apresentou resultados negativos nas últimas três pesquisas do instituto.
O setor de vestuário teve a queda mais expressiva na passagem de março para abril: 5,5%; além das vendas de artigos farmacêuticos (-0,7%) e outros itens de uso pessoal e doméstico (-0,4%).
As vendas no varejo ampliado (que inclui vendas de veículos e material de construção) tiveram variação nula (0%) em abril.
Para completar o quadro desolador para o qual a política econômica do atual governo tem empurrado o país, o IBGE recém divulgou pesquisa mostrando que a produção industrial brasileira já acumulou perdas da ordem de 2,7% apenas nos primeiros quatro meses do governo de Bolsonaro.
Até mesmo os mais otimistas com a posse do representante do mercado financeiro Paulo Guedes como ministro da Economia, já revisaram para o chão as expectativas de crescimento após os resultados dos primeiros três meses de governo terem apontado para um verdadeiro desastre.
Com a deterioração da economia, o PIB (Produto Interno Bruto) do país recuou 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao último trimestre do ano passado. Não é à toa que o boletim semanal Focus, preparado pelo Banco Central com a compilação das expectativas do mercado para a economia, está apontando a 15a queda consecutiva nas apostas do PIB para 2019, que começaram o ano em 2,5% e agora estão em 1%. Lembrando que esta é a mediana das opiniões, ou seja, metade dos consultados acha que o resultado será ainda pior.