Rodrigo Constantino ao lado de Flávio Bolsonaro. Foto: Gazeta do Povo

Após ser demitido pelo Grupo Jovem Pan, na quarta-feira (4), o bolsonarista Rodrigo Constantino também foi demitido da Record, da Rádio Guaíba e do jornal Correio do Povo, nesta quinta-feira, 5.

As demissões ocorreram após o comentarista falar sobre o caso de estupro da jovem Marina Ferrer, que mobilizou toda sociedade após uma sessão do julgamento mostrar conduta agressiva e discriminatória contra a vítima por parte do advogado de defesa. Veja abaixo a íntegra do vídeo do julgamento:

O caso remete ao julgamento do empresário André de Camargo Aranha, de 43 anos, acusado de estuprar Mariana Ferrer, de 23 anos, durante uma festa em Florianópolis, em 2018.

Ao falar do caso, o comentarista, de forma asquerosa, difama a vítima do estupro e justifica a situação em favor do criminoso: “Se minha filha chegar em casa, eu dou boa educação para que isso não aconteça, mas a gente não controla tudo, se ela chega em casa e fala: ‘pai, fui pra uma festinha e fui estuprada’. Eu vou falar: ‘Me dá as circunstâncias’. ‘Ah, fui pra uma festinha, eu e três amigas, tinha 18 homens, nós bebemos muito, tava ficando com dois caras e eu acabei dormindo. Fui abusada’. Ela vai ficar de castigo feio, eu não vou denunciar um cara desse pra polícia”, disse.

“Eu vou dar esporro na minha filha, porque alguma coisa ela errou feio. E eu devo ter errado pra ela agir assim, né? Porque é um comportamento completamente condenável, porque a gente não pode mais falar essas coisas hoje em dia, né? Que existe mulher piranha e mulher decente. Como falei aqui, o homem que faz isso não é decente, mas também não existe a ideia de mulher decente? As feministas querem que não, né? Porque feminista é tudo recalcada, ressentida e, normalmente, mocreia, vadia, odeia homem, odeia união estável, odeia casamento, odeia tudo isso. Só por isso”, disse o bolsonarista em seu comentário, veementemente repudiado pelas emissoras em que trabalhava.

Em nota, a Record afirmou que “a decisão foi tomada em virtude das posições que o profissional assumiu publicamente sobre violência contra a mulher, em canais que não têm nenhuma vinculação com nossas plataformas. O jornalismo dos veículos do Grupo Record tem acompanhado com muita atenção o caso de Mariana Ferrer e o Grupo não poderia, neste momento, deixar qualquer dúvida de que justiça não se faz responsabilizando ou acusando aqueles que foram vítimas de um crime”.

“Apesar de ter garantias de liberdade editorial e de opinião, julgamos que o posicionamento adotado por Constantino não compactuou com o nosso princípio de não aceitar nenhum tipo de agressão, violência, abuso, discriminação por questões de gênero, raça, religião ou condição econômica”, acrescenta a emissora.

Rodrigo Constantino é conhecido por sua militância pró-Bolsonaro. No último período foi um dos que defendeu a ameaça de Bolsonaro a jornalistas, quando disse que iria “encher a boca desse cara de porrada”, referindo-se a um repórter do Globo, que questionou sobre cheques no valor total de R$ 89 mil que teriam sido depositados pelo ex-assessor Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Mais recente, o comentarista também apoiou o pronunciamento marcado por mentiras de Bolsonaro na ONU, em que nega a existência de queimadas na Amazônia e Pantanal. “Ele trouxe dados e mostrou com números que o Brasil preserva florestas e tem um agronegócio pujante”, disse.