“Começando pelo governo, todos no Brasil precisam levar Covid a sério”
O diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou na sexta-feira (12) que a situação da pandemia do coronavírus no Brasil é “profundamente preocupante” e que será necessário um imenso esforço para conseguir reverter a direção. São mais de 275 mil óbitos e 11 milhões de contagiados, com uma média diária de 1.761 mortes, que tem batido recordes sucessivos. “Começando pelo governo, todos no Brasil precisam levar a pandemia a sério”, acrescentou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Para Tedros, “não haverá redução significativa no contágio sem medidas sociais sérias”, o que torna imprescindível uma “mensagem clara das autoridades sobre a gravidade da situação e a necessidade das restrições”. “E o governo precisa fazer cumprir as medidas”, frisou.
Segundo Ryan, o fato é que cenário brasileiro piorou desde a semana passada. “Temos uma alta taxa de positivos entre as pessoas testadas, forte incidência de novos casos, elevação no número de mortes, rápido aumento na ocupação de UTIs e o sistema de saúde sob estresse extremo”, disse.
Tedros reiterou que “não haverá redução significativa no contágio sem medidas sociais sérias” e que é preciso que haja mensagem clara das autoridades sobre a gravidade da situação e necessidade das restrições, e o governo precisa fazer cumprir as medidas”. Conhecedor do Sistema Único de Saúde (SUS), o diretor-geral da OMS declarou que esperava uma resposta positiva do país. “Visitei o Brasil muitas vezes interessado em seu forte sistema de atenção básica, seu programa de medicina da família. É um sistema robusto de vigilância, que permitiria ter lidado muito melhor com a pandemia”, assinalou.
De acordo com Ryan, “cientistas, profissionais de saúde e a população do Brasil podem vencer a Covid-19, mas a dúvida é se podem contar com o apoio de que precisam para isso”. Conforme o diretor-executivo da OMS, o Brasil sempre foi historicamente uma referência em termos de saúde pública no mundo, como na erradicação de doenças como sarampo e pólio, com ações que impactam outros países “para o bem e para o mal”. “Gostaríamos de ver o Brasil indo em outra direção, mas antes disso será preciso um esforço considerável. Enquanto muitos países nas Américas do Sul e Central estão indo por um bom caminho, o Brasil não está”, sublinhou.